Quarta-feira, 09 de outubro de 2024

Quarta-feira, 09 de outubro de 2024

Voltar Lula prioriza viagens ao exterior e agendas em Brasília, e prefere mandar seu vice e a primeira-dama para o Rio Grande do Sul

No período posterior ao início dos ciclones extratropicais que atingiram o Rio Grande do Sul neste mês de setembro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez duas viagens ao exterior e 58 agendas em Brasília, mas não visitou o Estado afetado pelos desastres naturais. Em vez disso, o petista preferiu enviar para as cidades atingidas o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e a primeira-dama Janja da Silva.

Nos dias 4 e 5, um ciclone extratropical afetou 88 municípios da região do Vale do Taquari com enchentes que deixaram 50 vítimas. Entre a última terça (26) e quarta-feira (27), um novo ciclone atingiu a costa do Estado, aumentando o nível de água no Lago Guaíba, preocupando as autoridades locais e meteorologistas. A capital Porto Alegre teve bairros inundados. Desde o início dos fenômenos naturais, 5.216 pessoas ficaram desabrigadas até quarta, de acordo com balanço da Defesa Civil gaúcha.

Depois do primeiro ciclone, no dia 5 de setembro, Lula fez duas agendas em Brasília além de gravar por uma hora a live semanal “Conversa com o Presidente”, no Palácio da Alvorada. No dia 6, ele se reuniu com ministros e tratou dos desastres no Rio Grande do Sul em uma conversa por telefone com o governador do Estado, Eduardo Leite (PSDB). No feriado do Dia da Independência, Lula acompanhou o desfile militar e seguiu com Janja para a Índia, onde ocorreu a 18º Cúpula do G-20.

Ao desembarcar na Índia, Janja publicou nas redes sociais e apagou instantes depois um vídeo em que diz “me segura, que eu já vou sair dançando”. A postagem foi criticada por aliados e pela oposição pelo fato de o casal não ter visitado a população afetada pela tragédia no Rio Grande do Sul.

Após a repercussão negativa, Alckmin foi escalado para comparecer pessoalmente ao Estado. O vice-presidente disse que Lula não tinha viajado para a região por conta de problemas de saúde e do feriado do 7 de Setembro.

“Os ministros estiveram lá. O presidente tinha o 7 de Setembro, não tinha como sair. No dia anterior, teve uma indisposição de saúde, mas todo o governo está empenhado em atender à região”, disse Alckmin, na condição de presidente em exercício.

Lula chegou da Índia em 11 de setembro e despachou em Brasília até o dia 15. Nesse período, ele fez uma reunião com ministros no Palácio do Planalto para discutir a situação da região do Vale do Taquari. Depois disso, visitou Cuba, para participar do G-77, e os Estados Unidos, onde discursou no Comitê da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova York, voltando ao Brasil no dia 20.

Quando o novo ciclone atingiu o Rio Grande do Sul nesta semana, o presidente se reuniu no Planalto com o ex-primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair, pela manhã, e com o novo ministro do Esporte, André Fufuca, à tarde, além de lançar novos programas do governo.

Na quarta, Lula, além de participar da cerimônia da lançamento do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), se reuniu em Brasília com Eduardo Leite, que esteve na capital federal para discutir sobre os estragos dos eventos naturais no Rio Grande do Sul. Na reunião, foi definido que o governo faria uma nova visita ao Estado. Em vez de Alckmin, a representante da Presidência escolhida foi Janja.

Segundo o Palácio do Planalto, a primeira-dama foi escalada para representar o governo federal na viagem por conta da cirurgia no quadril que Lula vai realizar nesta sexta (29). Nessa quinta, comitiva presidencial sobrevoou Porto Alegre e se encontrou com Leite em Lajeado, município do interior gaúcho, que também foi atingido pelas enchentes.

O ministro Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social), que também integrou o grupo, afirmou que Janja iria “olhar de perto” a situação das áreas atingidas e “anunciar medidas”. Até a noite dessa quinta, a primeira-dama fez 17 posts no X (antigo Twitter) sobre a visita ao Rio Grande do Sul.

Questionado sobre os motivos que levaram Lula a não visitar o Rio Grande do Sul no período, o Planalto elencou as ações do governo federal após a tragédia no Estado, como a criação de comitê de apoio e a liberação de verbas. “Por determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, desde o começo, o Governo Federal atuou e segue atuando para atender as demandas locais, destinando estrutura e recursos necessários para enfrentar as chuvas no Rio Grande do Sul”, diz a nota.

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