Quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025
Por Redação Rádio Caiçara | 4 de novembro de 2023
A cantora gaúcha Luísa Sonza, 25 anos, pronunciou-se sobre um episódio de racismo pelo qual foi alvo de denúncia em 2018, no âmbito de um processo encerrado em acordo judicial. Na origem do caso está uma mulher negra que relatou ter recebido da artista um tapa no braço e uma ordem ríspida para que lhe servisse água durante um show em Fernando de Noronha.
Em entrevista à imprensa, Luísa falou do seu processo de aprendizado sobre o assunto desde então. Ela mencionou, por exemplo, a leitura de livros de Silvio Almeida (atual ministro dos Direitos Humanos) e Djamila Ribeiro para superar o incidente:
“Trata-se de um racismo estrutural, mas essa estrutura é feita por nós. Tive muita dificuldade de entender, por eu ser uma pessoa branca e não viver na pele esse tipo de discriminação. Precisei estudar muito e ler profundamente, até aceitar que realmente eu havia cometido um ato racista”.
Ela faz prosseguiu em seu mea-culpa: “Óbvio que não foi uma coisa intencional, mas a gente comete este tipo de erro diariamente. Foi um processo muito longo, não é da noite para o dia. Gostaria de ter aprendido isso antes. Só de ler o ‘Manual Antirracista’ da Djamilla Ribeiro, já aprendo muito… “.
A cantora também falou do período em que permaneceu em silêncio sobre o caso: “Botei meu ‘rabinho entre as pernas’, fui ler, aprender, sentar a minha bunda na cadeira, calar minha boca durante um tempo. Apanhar, sim, porque eu errei. O tempo da internet é muito rápido. Para ser realmente uma pessoa antirracista tem que conhecer, ter responsabilidade. Ainda mais quando se é pessoa branca”.
Entenda o incidente
Em entrevista a um site na época, a autora do processo, Isabel Macedo (que é advogada), deu a sua versão sobre o incidente com Luísa Sonza.
“Era meu aniversário e eu tinha viajado sozinha. Estava dançando em uma festa quando, por acaso, parei atrás da Luísa. No evento tinha vários famosos, mas eu nem sabia quem era ela, nunca tinha ouvido falar. Foi então que ela virou, bateu no meu ombro e disse: ‘Pega um copo d’água pra mim?’. Eu respondi que não tinha entendido, ela repetiu a frase, perguntando se eu não trabalhava no local”.
Ela acrescentou, na mesma entrevista: “A branquitude da sociedade sempre nos enxerga nessa posição de serviçal. Por que nos entendem como pessoas que só podem servi-los, mas nunca como pessoas que podem consumir, viver e viajar como qualquer outra?”.
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