Quinta-feira, 12 de dezembro de 2024

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Voltar Líderes evangélicos sugerem que o ministro da Educação deixe o cargo para se defender, pois Bolsonaro não pode se “contaminar” no momento em que ganha fôlego nas pesquisas eleitorais

A coordenação da campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) quer que o ministro da Educação, Milton Ribeiro, deixe o governo o quanto antes. Embora Bolsonaro tenha dito que põe “a cara toda no fogo” por Ribeiro, o Centrão e líderes da bancada evangélica dizem que a situação é “insustentável” porque Bolsonaro perde cada vez mais o discurso de que não há corrupção no governo. Cresce no Palácio do Planalto a ideia de convencer o presidente a dar ao menos uma licença para Ribeiro sair e se defender fora do governo.

Em mais um dia de crise, a Polícia Federal (PF) abriu dois inquéritos com o objetivo de apurar a intermediação de verbas por dois pastores, que atuavam dentro do Ministério da Educação (MEC) em um gabinete paralelo, para beneficiar prefeituras “amigas”. Um deles vai apurar se Ribeiro favoreceu os religiosos na distribuição dos recursos. O caso foi revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo.

A investigação foi solicitada pelo procurador-geral da República, Augusto Aras. O outro inquérito foi instaurado com base em informações colhidas pela Controladoria-geral da União (CGU) para investigar suspeitas de que o MEC tenha feito repasses irregulares (mais informações nesta página).

Líderes evangélicos apresentaram ontem a Bolsonaro uma proposta que prevê licença para Ribeiro enquanto durarem os inquéritos da PF. A ideia se inspira no caso de Henrique Hargreaves, que foi ministro da Casa Civil no governo Itamar Franco. Acusado de envolvimento em corrupção no escândalo dos anões do Orçamento, Hargreaves se afastou do governo para fazer sua defesa, em 1993, e voltou ao cargo 101 dias depois, inocentado.

Na avaliação de evangélicos aliados de Bolsonaro – apoiada agora por parte do Centrão – a saída “a la Hargreaves” poderia ser repetida por Ribeiro como forma de dar um voto de confiança ao ministro.

A licença chegou a ser defendida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal André Mendonça, padrinho da indicação de Ribeiro; pelo deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), presidente da Frente Parlamentar Evangélica; e pelo pastor Silas Malafaia, além do ex-senador Magno Malta. Segundo informações do blog da jornalista Andréia Sadi, a bancada evangélica pediu apoio de Mendonça para conversar com o presidente e com Ribeiro.

Para o comitê da reeleição, Bolsonaro não pode ser “contaminado” por mais um desgaste no momento em que começa a ganhar fôlego nas pesquisas e tem visto diminuir a diferença para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu maior adversário.

Crise

O argumento da equipe de campanha é de que o presidente precisa sair rapidamente dessa agenda negativa porque não possui mais o tempo que teve, por exemplo, durante a crise provocada pela pandemia de covid. No ano passado, Bolsonaro foi alvo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que pediu o seu indiciamento por expor os brasileiros ao contágio quando resistiu à compra de vacinas.

“Eu boto minha cara toda no fogo pelo Milton. Estão fazendo uma covardia contra ele”, disse Bolsonaro, em transmissão ao vivo pelas redes sociais, anteontem. O presidente e a primeira-dama, Michelle, são próximos a Ribeiro.

A saída de Ribeiro na reforma ministerial, que deve ocorrer na próxima semana, é outra ideia que chegou a ser cogitada no Planalto. Neste caso, ele deixaria o MEC com o discurso de que vai concorrer a deputado federal. Antes, porém, precisaria se filiar a algum partido, o que, no auge da crise, não é tarefa fácil.

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