Quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

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Voltar Levantamento mostra quem são os brasileiros que não receberam a dose de reforço da vacina contra covid

Em meio à recente ampliação do perfil dos grupos que poderão receber a quarta dose das vacinas para a covid, uma realidade dramática se apresenta: a baixa adesão ainda ao terceiro reforço dos imunizantes. E, surpreendentemente, as taxas mais baixas estão entre os mais jovens. É o que mostra um levantamento do Lagom Data, que reúne dados do Ministério da Saúde.

O índice nacional é de 33,5%, segundo dados do World in Data. Para se ter uma ideia, o Chile e a Itália têm, respectivamente, 77,4% e 63,5% de cobertura na terceira dose. O pior cenário do Brasil está entre homens e mulheres de 35 a 39 anos — apenas 37,24% e 29,78%, respectivamente estão com o ciclo das três doses completo.

Vale lembrar que todas as pessoas acima de 35 anos — independentemente de comorbidade ou profissão exercida — já têm direito ao reforço, considerando as diferenças de calendário de vacinação das capitais brasileiras e os intervalos entre as doses dos imunizantes disponíveis para aplicação no País.

Nas faixas etárias inferiores, os números são mais baixos. No entanto, há regiões do país nos quais as pessoas com menos de 35 anos ainda não estão aptas a receberem a terceira dose.

Especialistas apontam alguns dos motivos que podem ter dificultado a população brasileira de retornar aos postos de saúde para receber a dose de reforço. Entre os mais jovens, a volta ao trabalho presencial e a recente onda de infecções pode ter atrapalhado a aplicação da terceira dose. Recomenda-se esperar um mês após o diagnóstico de covid para receber o imunizante. Este tempo de espera pode ter contribuído para o esquecimento do reforço.

Entre os mais idosos — que estão aptos a tomar a terceira dose desde o ano passado — o motivo do afastamento dos postos é o esquecimento (quando receberam a segunda dose ainda não se falava na terceira) e a dependência de serem levados à unidade de saúde por alguém da família (que provavelmente voltou a trabalhar presencialmente).

Mas, um fator citado pelos especialistas que influencia no atrasado para o reforço de todas as faixas etárias é a falta de uma campanha nacional de conscientização da importância da dose de reforço que deveria ser realizada pelo Ministério da Saúde.

“Muitas pessoas nem sabem que precisam fazer a terceira dose. Desde que começamos a fazer a vacinação contra a covid, tivemos muitas mudanças de intervalos dos imunizantes e pouca comunicação oficial para orientar as pessoas sobre as novas diretrizes. Se a população não acompanha as orientações pela mídia, fica perdida, pois infelizmente o governo federal não faz uma campanha para estimular a vacinação”, afirma Juarez Cunha, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

O médico relembra que esquemas vacinais que demandam mais de uma dose — como é o caso contra a covid — costumam apresentar índices decrescentes da segunda aplicação em diante. No entanto, as taxas brasileiras poderiam ser melhores se o Ministério da Saúde assumisse seu papel de reforçar a importância da vacina e de combater as fake news que colocam a segurança e eficácia dos imunizantes em dúvida.

Na avaliação da especialista, é bastante problemático que grande parte da população economicamente ativa não tenha tomado a dose de reforço ainda. Essas pessoas têm uma grande mobilidade pela cidade, consequentemente se tornando uma grande fonte de propagação da doença.

Por outro lado, a cobertura da dose de reforço entre os idosos também preocupa. Apesar de ser o grupo com as maiores porcentagens da terceira dose — apenas a faixa etária acima de 90 anos e os homens de 60 a 64 anos estão com taxa de reforço abaixo de 60% — o grupo é um dos mais vulneráveis a ter desfechos negativos após uma contaminação pelo coronavírus.

Importância

Completar o ciclo de três doses da imunização contra a covid é essencial. Ele protege contra a ômicron, a cepa dominante no mundo atualmente, em um nível de proteção semelhante ao que duas doses proporcionam contra as variantes alfa e delta. É o que concluiu o estudo feito por um grupo de pesquisadores de 21 hospitais americanos, publicado na revista científica The BJM.

Na pesquisa, os cientistas analisaram a eficácia das vacinas Pfizer e Moderna, utilizadas nos EUA para proteger contra o coronavírus. Eles observaram que a efetividade de duas doses de um imunizante de mRNA para prevenir a internação hospitalar por covid foi menor para a variante ômicron (65%) do que para as cepas alfa e delta (ambas com 85%). No entanto, a aplicação da terceira dose elevou a 86% a eficácia da vacina contra a ômicron.

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