Terça-feira, 15 de outubro de 2024

Terça-feira, 15 de outubro de 2024

Voltar Juros altos e crédito escasso continuarão complicando o dia a dia dos brasileiros

Se o novo governo, gastando sem cuidado, tornar mais incerta a evolução de suas contas e, de modo especial, da dívida pública, juros altos e crédito escasso continuarão complicando o dia a dia dos brasileiros por muito tempo.

Obviamente dirigida ao presidente eleito e ao futuro ministro da Fazenda, esta é a principal mensagem contida na ata da última reunião do Copom, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (BC). Tendo mantido em 13,75% a taxa básica de juros, o Comitê se absteve de indicar seus próximos passos, limitando-se a admitir um aperto maior, no próximo ano, se a desinflação for mais lenta do que se espera. A ata foi divulgada na terça-feira, dia 13 de dezembro, mas a decisão sobre os juros foi anunciada ao anoitecer da quarta-feira anterior, depois da reunião. No mercado, estimativas de juros para 2023 foram logo ajustadas para cima.

Juros altos, e talvez em alta, tornarão mais desafiador o primeiro ano do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de sua equipe econômica. Dinheiro caro dificultará o consumo e agravará os problemas de centenas de milhares de famílias já endividadas. Muitos brasileiros precisarão de ajuda para sair do buraco financeiro. Além disso, empresários terão menor disposição de investir em capacidade produtiva, se as condições de financiamento forem muito desfavoráveis.

Tudo parece reforçar a expectativa de baixo crescimento econômico em 2023. Pelas últimas projeções do mercado, a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) dificilmente será superior a 1%. Mas juros altos, além de prejudicarem a atividade e a arrecadação tributária, restringindo o poder de gasto do governo, ainda encarecem a dívida pública, prolongando os problemas.

Há motivos mais que suficientes, portanto, para a cúpula do próximo governo se preocupar com as incertezas e inquietações dos membros do Copom, dos empresários e dos consumidores. O presidente eleito já deixou clara a intenção de expandir os gastos sociais e de estimular o crescimento econômico e o emprego. Não apresentou, no entanto, um roteiro de trabalho nem explicou como cuidará da saúde financeira do governo. Não basta lembrar a condução das contas públicas em seu primeiro governo. O mundo exterior mudou, o Brasil também, e os desafios são outros.

Se o presidente eleito se dispusesse a ler a ata da reunião do Copom, ficaria provavelmente impressionado com a descrição quase dramática do ambiente externo, com perspectiva de menor crescimento, inflação desafiadora, forte aperto financeiro e enorme insegurança. No ambiente interno, combinam-se a desaceleração do crescimento, a inflação ainda elevada, apesar de algum recuo recente, a melhora ainda lenta do emprego e a ampla incerteza sobre o futuro do arcabouço fiscal. No cenário básico, a inflação projetada ainda supera amplamente a meta oficial em 2022 e em 2023 e só se aproxima dela em 2024. É cedo para programar um relaxamento da política de juros, especialmente quando há promessa de maiores gastos federais e nenhuma indicação de como isso será compensado.

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No Ar: Bom Dia Caiçara