Terça-feira, 13 de maio de 2025

Terça-feira, 13 de maio de 2025

Voltar José Dirceu era alvo de plano de assassinato na trama golpista, diz jornal

O plano Punhal Verde Amarelo, elaborado pelo general Mario Fernandes para o assassinato de autoridades na trama golpista de 2022, usou o codinome Juca para ser referir ao ex-ministro José Dirceu (PT) entre os alvos da ação.

As informações são do jornal Folha de S.Paulo. O nome do petista como foco da operação militar clandestina foi confirmado por duas pessoas com acesso às investigações. Um oficial da reserva do Exército próximo a Mario também afirmou que o ex-ministro era visto pelo grupo de militares do Palácio do Planalto, no fim do governo Jair Bolsonaro (PL), como um possível líder da futura gestão Lula (PT).

O plano do general previa uma operação militar clandestina contra quatro alvos. O primeiro era o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Os demais eram identificados como Jeca, Joca e Juca.

O codinome Jeca era atribuído ao então presidente eleito Lula, enquanto Joca seria o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB). O nome Juca não chegou a ser formalmente identificado pelos investigadores.

Ao longo das apurações, a Polícia Federal (PF) cogitava que Dirceu poderia ser o alvo secreto do plano Punhal Verde Amarelo, pela influência exercida pelo petista nas gestões anteriores de Lula no Palácio do Planalto.

Os investigadores ainda levantaram outros nomes como possíveis referências ao codinome Juca, como Flávio Dino e Rui Costa, hoje ministros respectivamente do STF e da Casa Civil, e o chefe de gabinete de Lula, Marco Aurélio Ribeiro.

No relatório da investigação, porém, a PF diz que “não obteve elementos para precisar quem seria o alvo da ação violenta planejada pelo grupo criminoso”.

Mesmo com a antiga relação com Lula e sua influência nos bastidores do Partido dos Trabalhadores, ele não frequenta o Palácio do Planalto para discutir temas de governo e está apartado de articulações políticas diretas da gestão petista.

Apesar do afastamento, grupos militares acreditavam que ele teria um papel de destaque no governo, como teve nas primeiras passagens de Lula pela Presidência.

Dirceu, sob o codinome Juca, foi descrito no plano de assassinato como a “iminência parda [sic] do 01 e das lideranças do futuro gov [governo]”. “A sua neutralização desarticularia os planos da esquerda mais radical”, prossegue.

Mario Fernandes afirma, no documento, que não esperava “grande comoção nacional” com o eventual assassinato dele. O general previa o envenenamento de Lula, o Jeca, para causar um “colapso orgânico”. A ação era descrita no plano como suficiente para matar o presidente eleito, considerando o “estado de saúde [de Lula] e a ida frequente a hospitais”.

“A sua neutralização abalaria toda a chapa vencedora, colocando-a, dependendo da interpretação da Lei Eleitoral, ou da manobra conduzida pelos 3 Poderes, sob a tutela principal do PSDB”, diz o documento encontrado pela Polícia Federal.

No caso de Alckmin, o Joca, o Punhal Verde Amarelo previa que sua “neutralização extinguiria a chapa vencedora”. O general avaliava que o assassinato do vice-presidente também não deveria causar grande comoção no País.

Mesmo sem ser citado no plano e sem um codinome próprio, Moraes é considerado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como o principal alvo do plano Punhal Verde Amarelo.

A denúncia considera alguns elementos para confirmar a tese. O primeiro era o fato de Jeca, Joca e Juca serem descritos no documento como “outros alvos possíveis” da ação militar.

A PGR ainda avalia que as ações descritas no plano do general são semelhantes ao monitoramento feito por militares de forma clandestina e que tinha Moraes como alvo.

O principal elemento apontado pela Procuradoria é a compra de celulares descartáveis utilizados no plano “Copa 2022”, que tinha como objetivo matar o ministro do Supremo. O advogado Marcus Vinicius Figueiredo, que defende Mario Fernandes, disse que não iria comentar o caso. “Eu não posso me manifestar sobre o mérito da investigação porque ainda não me foi concedido acesso à íntegra das provas”, afirmou.

No julgamento do recebimento da denúncia, Figueiredo disse garantir aos ministros do STF que o general não tinha mostrado o plano Punhal Verde Amarelo para ninguém. Segundo o advogado, o réu fez o documento e o guardou para si.

A PGR contesta essa versão na denúncia oferecida contra Mario. Na acusação, o procurador-geral Paulo Gonet diz que o então presidente Bolsonaro tomou conhecimento do plano e deu aval a ele.

 

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