Terça-feira, 11 de fevereiro de 2025
Por Redação Rádio Caiçara | 16 de outubro de 2023
Na mira da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro, o ex-chefe da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, tinha no celular apreendido pela Polícia Federal (PF) fotos de Adolf Hitler e Benito Mussolini, registros ao lado do clã Bolsonaro, imagens que mostram seu culto pelas armas, e até mesmo áudios com xingamentos e cobranças sobre os bloqueios em rodovias federais promovidos pela PRF no dia do segundo turno das últimas eleições.
De acordo com fontes da CPI, o material extraído do celular contém indicações de ter sido recebido de terceiros por Silvinei. Não foram encontrados, no entanto, materiais encaminhados. Ainda assim, o conteúdo do celular foi enviado à CPI, que se reunirá nesta terça-feira (17) para a leitura do relatório de cerca de 900 páginas da senadora Eliziane Gama (PSD-MA).
Em agosto, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decretou a prisão preventiva de Silvinei a pedido da PF, que alegou haver o risco de ele comprometer o aprofundamento de investigações e interferir em depoimentos sobre o uso da corporação contra eleitores de Lula. O ex-chefe da PRF continua preso.
A quebra dos sigilos fiscal, bancário, telefônico e telemático do ex-chefe da PRF pela CPI foi suspensa pelo ministro Kassio Nunes Marques, do STF. A decisão atendeu a um pedido do próprio Silvinei, homem de confiança de Bolsonaro que comandou a PRF de abril de 2021 até dezembro do ano passado.
Entre as dezenas de imagens guardadas no celular de Silvinei estão uma fotografia de Adolf Hitler com o então ministro da propaganda do regime nazista, Joseph Goebbels, e outra do corpo de Mussolini pendurado pelos pés em um posto de gasolina. Ele também salvou imagens ao lado do então presidente e de Michelle Bolsonaro durante as comemorações do Bicentenário da Independência, em Brasília, em 2022.
O ex-ministro da Justiça Anderson Torres, que é investigado pelo Supremo por conta de uma minuta encontrada em sua casa, é outra figura frequente na galeria de Silvinei, em registros fotográficos de solenidades. Em outra imagem, um print de tela de celular, de 30 de outubro, dia do segundo turno, traz a mensagem do TSE de que “quem impede a população de votar comete crime eleitoral” e que a denúncia de qualquer irregularidade pode ser feita pelo aplicativo Pardal, da Justiça Eleitoral.
Os bloqueios realizados pela PRF nas rodovias, aliás, irritaram interlocutores de Silvinei, que mandaram áudios com repúdio à postura da corporação.
“Vasques, Vasques… sabemos que tem o dedinho seu a mando do Bostonaro…. pra fazer isso, né? Para ordenar os agentes da PRF ficar barrando, fingir blitz para segurar os nordestinos e impedi-los de chegar ao seus locais de votação. O Lula ganhando, vamos pedir sua exoneração. Positivo?”, diz um homem não identificado.
Outro áudio, de uma mulher, é ainda mais enfático: “Olha, tu deixa o povo votar, seu pau no c…. Desgraçado. Tu quer roubar igual teu presidente. Vai arder no inferno. Satanás já está te esperando lá, desgraçado. Deus está vendo o que você está fazendo.”
Integrantes da CPI suspeitam que Silvinei mantinha esses áudios com xingamentos e ofensas para poder retaliar, caso Bolsonaro conseguisse se manter no poder.
Questionada a respeito dos áudios, a defesa do ex-chefe da PRF enviou uma nota em que diz desconhecer a existência de áudios e fotos no celular.
“Ocorre que a participação de grupos de WhatsApp pode ensejar a baixa automática para a biblioteca”, escreveu o advogado Eduardo Pedro Nostrani Simão. Sobre as fotos de Hitler e Mussolini, o advogado afirmou que Silvinei “nunca manifestou nenhum tipo de preconceito e discriminação. O que os advogados perceberam é que ele possui amigos brancos, negros e pardos”.
No Ar: Caiçara Confidencial