Domingo, 19 de janeiro de 2025
Por Redação Rádio Caiçara | 27 de junho de 2023
O Ministério da Fazenda vai lançar medidas para reduzir os juros altos do rotativo do cartão de crédito, mas não pensa em tabelar as taxas cobradas ou em acabar com o parcelado sem juros, prática largamente usada no comércio brasileiro. A garantia foi dada pelo secretário de Reformas Econômicas do Ministério da Fazenda, Marcos Barbosa Pinto.
Os juros do rotativo do cartão de crédito entraram no radar da equipe do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e do Banco Central na esteira da pressão que parte dos consumidores e parlamentares têm feito sobre o assunto, além do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e até da primeira-dama, Janja Lula da Silva.
Para o secretário, há uma pressão legítima da sociedade sobre o patamar atual dos juros do rotativo, que encostou em 450% ao ano em abril, o último dado disponível, contra 13,75% ao ano da taxa básica de juros, a Selic. A inadimplência é recorde.
Segundo Barbosa Pinto, não há uma medida “mágica” para resolver o problema porque o mercado de cartões é complexo, com muitas tarifas que são cobradas tanto dos usuários quanto dos lojistas.
O risco de tabelamento dos juros é a maior preocupação hoje do mercado de cartões. Segundo Barbosa Pinto, não há uma medida “mágica” para resolver o problema porque o mercado de cartões é complexo, com muitas tarifas que são cobradas tanto dos usuários quanto dos lojistas. “São muitas partes envolvidas no arranjo: a credenciadora, o lojista, a instituidora ou a bandeira, e o banco emissor. E existem tarifas sendo cobradas em toda essa cadeia”, disse ele.
O secretário sinalizou a importância de enfrentar o chamado subsídio cruzado (embutido na própria tarifa) nesse mercado. Mas assegurou que o problema será atacado por um conjunto de medidas pensadas para não desequilibrar a complicada cadeia de cartões. “Não pensamos em limitar o parcelado sem juros nem em tabelar os juros do cartão”, afirmou.
Recorde
A inadimplência do brasileiro no cartão de crédito rotativo e no parcelado atingiu o pico e se mantém em níveis recordes nos últimos meses. Em março e abril deste ano, quase um terço (31,5%) do saldo de R$ 135,6 bilhões de crédito nessas duas modalidades estava inadimplente. É a maior taxa da série histórica mensal do calote iniciada em março de 2011.
O cálculo da inadimplência do cartão de crédito rotativo e do parcelado foi feito, a pedido do Estadão, por Luiz Rabi, economista-chefe da Serasa Experian, empresa especializada em informações financeiras.
Com base nos dados do Banco Central (BC), o economista expurgou o cartão de crédito à vista, que representa 70% do crédito. Como não há inadimplência no cartão à vista, considerar essa cifra no cálculo da taxa acaba suavizando o índice real de calote, observa Rabi.
No Ar: Bom Dia Caiçara