Sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

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Voltar Golpe do leilão online: saiba como não cair em armadilhas e fraudes

Tudo parecia real: por meio de um site de leilões, o empresário Rubens Vieira, de 50 anos, se cadastrou para participar de um pregão de um Porsche Cayman S 3.4 H6 2015. A página na internet especificava ser um leilão judicial (ou seja, de um veículo apreendido em processo investigativo e criminal ou de pendências na justiça), exigia que Rubens salvasse os seus dados na plataforma para poder dar o lance desejado, e divulgava o telefone do leiloeiro. Algumas horas depois, o empresário recebeu uma ligação dizendo que conseguira arrematar o carro dos seus sonhos por R$ 160 mil — que, geralmente, fora de leilões, custa cerca de R$ 500 mil. Junto com a chamada telefônica veio o termo de arrematação, com o nome completo do leiloeiro e um número de CNPJ.

Por pouco, o sonho não custou caro demais. Desconfiado dos trâmites que vieram em seguida, como a conta para depósito ser de um banco digital e a insistência para a realização da transferência no mesmo dia, Rubens conversou com um amigo policial, que percebeu a tentativa de golpe e o alertou antes de pagar pelo carro.

Golpes via leilões falsos têm sido mais frequentes desde a pandemia da covid, quando os eventos presenciais foram cancelados e os leilões passaram a ser somente virtuais. Acontecem com imóveis, equipamentos de informática, objetos de arte, louças e outros itens, mas um carro é o produto mais procurado nesta modalidade de venda, pois tem valores atraentes e, assim, é ótima alternativa para quem não quer gastar muito na compra de um veículo novo.

Por isso, é preciso atenção para não cair nos golpes de sites falsos de leiloeiros famosos, muitas vezes cópias quase autênticas dos sites oficiais, quando os criminosos criam domínios falsos para as páginas eletrônicas e fazem anúncios online de itens que não existem. O possível comprador acaba efetuando o pagamento e não recebendo pela mercadoria.

O leiloeiro Rogério Menezes, que está no negócio há quase 34 anos, afirma que, em meio a tantos sites falsos e golpes de leilão na internet, o presencial é a melhor forma de evitar cair em uma ação de estelionatários.

“O interessado vê o carro no pátio antes de participar do leilão. Ele tem contato com o item que será vendido e vê que a empresa existe no endereço indicado. O funcionário da empresa liga o veículo para ele, mostra por dentro, mostra o motor, o sistema elétrico. Além disso, caso deseje, a pessoa pode trazer um mecânico para ver o carro antes de dar o lance, se isso o deixar mais confiante”, afirma Rogério, cuja empresa de nome homônimo possui um pátio de 70 mil m² em Campo Grande, na Zona Oeste.

O pátio fica aberto à visitação a partir das 8h, antes de o leilão acontecer em um auditório com telão, às 14h. Como estipulado nos leilões, não é possível fazer o teste drive do veículo e nem dar partida no motor. A vistoria existe para averiguar a existência do produto, a estética, o acabamento e a aparência do motor.

“O maior prejuízo é de quem é lesada, e geralmente são pessoas com pouca renda. Elas têm prejuízos lamentáveis. Uma pessoa mandou para mim, na semana passada, fotos da moto e do Saveiro que comprou, sem receber os veículos. E ela ainda pagou reboque. Operação casada é crime”, alerta Rogério.

Fique alerta

Para quem não está na cidade em que acontece o leilão presencial, como foram os casos de Dênis e Rubens, há ainda como participar do virtual de forma segura. Rogério destaca pontos que devem ser observados para não correr riscos:

– Verificar se o domínio do site termina em ‘.com.br’. Os sites que terminam com ‘.org’, ‘.net’, ‘.com’ e outras variações diferentes de ‘.com.br’ são de estelionatários. Os sites ‘.com.br’ indicam a matrícula do endereço no Brasil, já os demais tendem a ter registro no exterior, muitas vezes em paraísos fiscais, países ou estados sem a fiscalização devida.

– Ler o edital do leilão disponível no site permite que o possível comprador não tenha surpresas a respeito do item que deseja arrematar. Aliás, o site possuir um edital para cada pregão é um ponto de atenção, já que os fraudulentos não disponibilizam o documento que define as regras do jogo, detalha o bem de interesse e os pagamentos, além das exigências legais para a realização do pregão. Deve-se também comparar os dados do edital com o leilão que está sendo divulgado. Se estiver divergente, desconfie.

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