Sábado, 24 de maio de 2025
Por Redação Rádio Caiçara | 7 de setembro de 2023
Há cerca de quatro anos, em Boston, nos Estados Unidos, o oncologista americano William Kaelin recebia uma ligação no meio da madrugada, às 4h40min, de Estocolmo, capital da Suécia, contando que ele havia sido laureado com o Nobel de Medicina. “Realmente foi como um sonho”, diz o professor da Universidade de Harvard sobre o momento.
As lembranças foram rapidamente para sua esposa, Carolyn Scerbo, que havia falecido em 2015 justamente devido a um câncer cerebral, conta. O prêmio, em conjunto com outros dois médicos, foi graças a um trabalho que mostra como as células sentem e se adaptam ao oxigênio – no caso das cancerígenas, como utilizam esse mecanismo para crescerem.
Na próxima década, porém, Kaelin espera que os conhecimentos a nível genético sobre o câncer levem a tratamentos que representem uma nova fronteira para tumores agressivos, como o de Carolyn.
Imaginava um Nobel?
“Desde pequeno eu já tinha ouvido falar do Prêmio Nobel, então por um lado sim. Mas minha experiência inicial com a ciência foi bastante negativa, então durante um tempo pensei que nem mesmo seria um cientista, muito menos ganharia um prêmio. Apenas depois tive a sorte de aprender com David Livingstone (então professor) em Harvard, que me treinou para ser um verdadeiro cientista”, disse.
E continua: “Mais tarde, quando conseguimos identificar o mecanismo que permitia às células sentir e responder às alterações no oxigênio, pensei: ‘este é o tipo de resultado que um dia poderá ganhar um prêmio’, mas tentei manter isso afastado na periferia da minha imaginação”.
“Há muitos exemplos de cientistas que ficaram amargurados e infelizes porque passaram muito tempo sonhando em ganhar um Nobel. Então acho que fiz um trabalho razoavelmente bom, mantendo o foco no meu trabalho. Mas é claro que fiquei emocionado, encantado e grato por ter ganhado”, finaliza.
Teremos a cura do câncer?
“A expectativa é que sim, e ficarei muito desapontado se for diferente. Estamos entrando em um período em que temos muito mais informações sobre as alterações genéticas que causam certos tipos de câncer. Mas não só isso, também sabemos mais sobre os genes que regulam a resposta imune e isso cria oportunidades para tornar o sistema imunológico mais ou menos ativo”, afirmou.
“Um dos desafios no desenvolvimento de medicamentos para o câncer é ainda que gostaríamos de poder dizer ‘compreendemos todas as regras’, mas não compreendemos. Porém, se esperarmos por esse dia, vai demorar e muitos pacientes vão sofrer. Então temos que fazer o melhor que pudermos com o conhecimento que temos.”
O médico finaliza com uma esperança: “Mas espero que nos próximos 10 anos alguém descubra algo que nem consigo imaginar no momento, e que mude completamente o jogo. Talvez leve a uma terapia contra o câncer altamente eficaz, que englobe muitos tipos diferentes de tumores e alterações genéticas. Quando se faz ciência, quanto mais investirmos em conhecimento, mais rápido será o progresso”.
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