Quinta-feira, 12 de dezembro de 2024

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Voltar Forma de vender ovos de Páscoa fica mais online depois da pandemia

A venda online de ovos de Páscoa – praticamente a única alternativa do varejo e da indústria para viabilizar os negócios no auge da pandemia – virou a grande aposta dos fabricantes de chocolates neste ano, mesmo com a normalização das atividades. Grandes marcas projetam taxas de crescimento nas vendas online na casa de dois dígitos. Para impulsionar os negócios digitais, ampliaram a presença em shoppings virtuais e traçaram uma “logística de guerra” nas entregas. Tudo para levar o ovo ao destino no menor prazo possível – e inteiro, sem quebra ou derretimento.

As lojas físicas ainda são o grande mercado da Páscoa. Respondem pela maior parte da comercialização de ovos e chocolates durante a data, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab). No entanto, levantamento feito a pedido do Estadão pela NielsenIQ Ebit, consultoria especializada em monitorar o e-commerce, confirma a tendência: as vendas online de ovos de Páscoa na primeira quinzena deste mês cresceram 38% em faturamento e 28% em número de pedidos ante o mesmo período de 2022.

“O que apressou o online foi a pandemia, mas agora não é mais. É o comportamento do consumidor”, diz Álvaro Garcia, vice-presidente de marketing da Mondelez, dona da marca Lacta. Ele destaca que muitos consumidores verificam preços na loja física e compram no digital e vice-versa. Isso intensifica o intercâmbio entre o online e a loja tradicional.

A marca, que acaba de abrir uma loja no Mercado Livre, quer que os negócios digitais – que incluem a loja própria, lojas online de parceiros e aplicativos de entrega – representem entre 16% e 20% das suas vendas de chocolates nesta Páscoa. No ano passado, a fatia tinha sido de 6,9%. “É um salto muito grande”, diz o executivo, destacando que a projeção é um aumento no faturamento total de chocolates entre 10% e 15% em relação à Páscoa do ano passado.

A Nestlé, outra gigante do setor, produziu neste ano 12 milhões de unidades de ovos de Páscoa com as marcas Nestlé e Garoto, um aumento de quase 10% ante o evento de 2022. Os três últimos anos foram bem distintos para a Páscoa, e o e-commerce foi um forte aliado das empresas para impulsionar as vendas, lembra Francini Cristelo, head da Nestlé Stores.

Segundo a executiva, a expectativa de vendas de Páscoa no e-commerce do Empório Nestlé é de um avanço de 20% em relação a 2022. A companhia também espera crescimento dos negócios nos canais digitais de parceiros.

“De tudo que venderemos nesta Páscoa, perto de 7% a 8% virão do digital”, afirma Daniel Roque, vice-presidente da Cacau Show. Ele espera um avanço de 50% na venda online, em valor, na comparação com 2022. “Será a maior taxa de crescimento desde 2020.”

Em 2020, com a pandemia, a Cacau Show criou um marketplace com as suas lojas para conseguir vender, pois os pontos de venda estavam fechados. Esse ecossistema envolveu pedidos por WhatsApp, redes sociais e aplicativos de entrega.

No ano passado, a empresa estava presente em apenas um marketplace de terceiros e, ainda, em fase de teste. “Agora, potencializou”, diz o executivo, destacando que a companhia está hoje nos shoppings virtuais da Magalu, da Shopee e do Mercado Livre. No momento, o número de visitas recebidas no site da empresa é 49% maior do que no mesmo período do ano passado, enquanto as vendas estão 57,6% acima do esperado.

Logística

Num país continental como o Brasil, o grande desafio do comércio online na venda de ovos de Páscoa – um produto frágil e cujo consumo ocorre num curto período – é a logística.

A Lacta, por exemplo, ampliou de 200 para 500 a quantidade de motoristas dos caminhões que levam os ovos dos quatro centros de distribuição e dos 11 postos avançados para os quatro cantos do País.

Na Páscoa passada, as vendas online da marca se concentravam em apenas quatro capitais: Rio de Janeiro (RJ), Curitiba (PR), Belo Horizonte (MG) e São Paulo (SP), além do interior paulista. Neste ano, a loja online passou a entregar em todo o território nacional. Mas os prazos foram mantidos: até 48 horas, nas capitais, e até cinco dias úteis nas demais cidades.

Garcia, da Mondelez explica que os ovos vão em uma caixa de isopor para não derreter ou quebrar. “Tem de ter uma superlogística para que o consumidor tenha experiência que teria numa loja física”, observa.

“Hoje, as nossas lojas estão muito mais bem preparadas, e o processo, mais fluído”, diz Roque, da Cacau Show. Na Páscoa do ano passado, as entregas das vendas online ocorriam em até três dias úteis após a compra. Este é o primeiro ano com entrega em até 24 horas.

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