Quarta-feira, 04 de dezembro de 2024
Por Redação Rádio Caiçara | 3 de março de 2022
A Força Aérea Brasileira (FAB) vai enviar um avião militar na segunda-feira (7) para buscar, na Polônia, brasileiros que estão deixando a Ucrânia. A informação foi divulgada em nota pelo Ministério da Defesa. A Defesa informou ainda que o avião vai levar 11,5 toneladas de material de ajuda humanitária para a Ucrânia, país invadido pela Rússia há uma semana.
“Por determinação da Presidência da República e sob coordenação dos Ministérios da Defesa e das Relações Exteriores, uma aeronave KC-390 Millennium da Força Aérea Brasileira tem previsão de decolar na segunda-feira (7) à tarde, de Brasília (DF), para o resgate de brasileiros que estão sendo evacuados da Ucrânia. Do Brasil, a aeronave transportará 11,5 toneladas de material de ajuda humanitária”, informou o governo em nota.
O destino final do avião será Varsóvia, capital polonesa. Após sair de Brasília, vai fazer paradas técnicas no Recife, em Cabo Verde e em Lisboa. A previsão de chegada ao Brasil é na quinta-feira (10). O Ministério das Relações Exteriores vai organizar o embarque dos brasileiros em Varsóvia.
O presidente Jair Bolsonaro determinou na semana passada que duas aeronaves da FAB deveriam ficar de “prontidão” para realizar o resgate dos brasileiros. Até o momento, o governo informou a previsão de voo de um dos cargueiros.
Não querem voltar
O coordenador da força-tarefa de resgate e repatriação do Itamaraty na guerra da Ucrânia, ministro Unaldo Eugênio Vieira de Sousa, afirmou na quinta-feira (3) que 13 brasileiros que estão no país invadido pela Rússia disseram que não querem ser repatriados. A afirmação foi feita durante entrevista à rádio CBN.
Segundo Sousa, pelo menos 129 pessoas entraram em contato com as embaixadas do País em Kiev e Varsóvia, sendo que 110 manifestaram interesse em retornar ao Brasil. No entanto, 70 delas não conseguiram dar detalhes sobre a localização.
Os números divulgados por ele na entrevista são:
— 70 brasileiros querem voltar e passaram a localização de onde estão na Ucrânia;
— 40 querem voltar, mas ainda não souberam dizer ao Itamaraty exatamente em que cidade ucraniana estão;
— 13 declararam que não querem ser repatriados;
— 3 estão em Lviv e solicitaram, oficialmente, apoio para ir para Polônia.
O ministro destacou que ainda há segurança para fazer os deslocamentos de trem, carro ou ônibus para deixar o território ucraniano, sobretudo pela região Oeste.
O padre brasileiro Lucas Perozzi Jorge, de 36 anos, é um dos que não pretendem sair da Ucrânia. Ele, que nasceu em Álvares Machado, no interior de SP, está no país desde 2004 e, mesmo com a guerra, não pretende abandonar o lugar em que ele conta que cresceu, evoluiu e se ordenou sacerdote da Igreja Católica.
A paróquia em que o religioso trabalha, em Kiev, tornou-se um refúgio para quem busca proteção contra a guerra. “Eu sempre tive a certeza de ficar aqui. Já me falaram para voltar, mas aqui é o meu lugar, o lugar que eu escolhi para compartilhar, seja na alegria ou na guerra”, contou ao portal g1.
Quando o conflito entre a Rússia e a Ucrânia começou, na semana passada, ele estava fora de Kiev, onde mora. “Eu estava no extremo oeste da Ucrânia, onde está um irmão. Eu estava fazendo um curso e soube da explosão da guerra e decidi voltar o mais rápido possível”, disse.
Outro exemplo é a jornalista Paula Pereira, de 36 anos, que mora em Odessa, cidade no sul da Ucrânia. Ele tem um marido ucraniano e, por isso, não pretende sair do país.
“Meu marido é ucraniano e, neste momento, ele não pode deixar o país – e não, não estou fazendo nenhum ato heroico ou prova de amor ao ficar. Não é ‘só’ por causa dele que fiquei. Mas claro, o fato de não termos filhos facilita a minha decisão. Se eu tivesse, eu teria partido”, contou Paula.
Paula comenta que, mesmo com a decisão de ficar na Ucrânia, “não significa que depois tenha ficado tudo simples. Quem decidiu partir também está sofrendo, pois não sabem como fica a família e os amigos por aqui”.
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