Domingo, 13 de outubro de 2024
Por Redação Rádio Caiçara | 23 de junho de 2023
Presa durante uma entrevista de emprego no Centro do Rio, Lívia Ramos de Souza, de 19 anos, passou a primeira noite se sentindo em paz em 16 dias, período em que esteve presa no Instituto Penal Santo Expedito, em Bangu, na Zona Oeste da capital. Ela contou que nunca pensou que algum dia dormiria na cadeia. A soltura da jovem foi determinada pela Justiça.
“Foi um pesadelo. Nunca tinha vivido isso. Estava junto com assassinos, assaltantes… eu nunca tive contato com pessoas assim”, contou Lívia.
A jovem disse que conseguiu atravessar esse intervalo sem se entregar ao desespero graças à certeza de que seria solta por ser inocente. “Pensava na minha mãe e sabia que ela queria que eu fosse forte”.
Neste primeiro dia de liberdade, Lívia preferiu não sair de casa. Ficou junto com a mãe, Cristiane Pinto, e negou os convites recebidos por amigos para dar uma volta. E tenta lidar com alguns receios passaram a rodeá-la.
“Estou preocupada de arrumar um emprego. Tenho medo que possa acontecer alguma coisa semelhante”, contou a jovem.
Cristiane acha que a filha ficou traumatizada com o que passou e ainda está em estado de choque, por isso a recusa em sair de casa. Ela lembrou o sofrimento que passou até conseguir novamente abraçar a filha:
“Eu fiquei lá (em frente ao Instituto Penal Santo Expedito) até seis horas da tarde, quando me deram a certeza de que ninguém mais ia sair. Voltei para casa revoltada, angustiada, chorando. Eram quase oito da noite quando recebi uma chamada de vídeo da minha filha, de um número desconhecido, chorando e falando que tinham liberado ela e outras garotas, pedindo que eu fosse buscá-las porque não conheciam nada por lá. Esperei, e quando ela saiu do carro, se jogou em cima de mim”, relatou a mãe da jovem.
Ela e Lívia dormiram juntas para tentar matar a saudade acumulada dos dias em que tiveram que ficar separadas.
“Dormiu comigo agarradinha. Toda hora eu acordava para ver se ela estava respirando. Agora vamos continuar na batalha para provar a inocência dela”, afirmou Cristiane.
Relembre o caso
A família de Lívia afirma que a jovem estava no escritório da empresa Icon Investimentos, no dia 5 de junho, para uma entrevista de emprego. Ela foi ao local pela primeira vez naquele dia e participava de um treinamento, quando teria sido detida por engano. Junto a ela, outras 17 pessoas com idades entre 18 e 30 anos foram presas por suspeita de participação em um esquema de golpes de consórcio no Centro do Rio, investigado pela Polícia Civil.
De acordo com Cristiane, a filha estava em busca de emprego após o término de um contrato como Jovem Aprendiz há dois meses. Ela teria visto uma vaga na Icon Investimentos por meio do site Infojobs. Mandou o currículo e aguardou o retorno da empresa, que teria acontecido em poucos dias. O contratante convidou a jovem para uma entrevista de emprego, explicando que, se admitida, venderia consórcios e teria comissão sobre as vendas que efetuasse.
Em 20 de junho, o desembargador José Muiños Piñeiro Filho, da 6ª Câmara, determinou a soltura de 14 presos, incluindo Lívia, reforçando ainda que os jovens não prestem serviços para empresas “que tenham o mesmo objeto daquela que deu origem ao auto de prisão em flagrante”. Além disso, terão que comparecer ao juízo em até cinco dias, para informar onde poderão ser encontrados para os atos judiciais necessários. Contudo, no dia seguinte, o juíz Gustavo Kalil estendeu a soltura para todos os presos, alegando falta de provas.
“Ela viu a vaga na internet, no site Infojobs. Chegando lá, já colocaram ela para fazer treinamento no computador. Não assinou nada, não chegou a fazer venda e não teve movimento de dinheiro entrando na conta dela, só estava treinando. Eu estava no trabalho e, quando foi 20h, ela me ligou desesperada dizendo que estava presa”, contou a mãe.
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