Sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

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Voltar Falta de inseticida atrasa combate a dengue, zika e chikungunya

Por falta de estoque, o Ministério da Saúde tem atrasado o envio de inseticidas contra o Aedes Aegypti, transmissor da dengue, chikungunya e zika, na fase adulta, utilizados na nebulização espacial (conhecida popularmente como fumacê). Há escassez do insumo e atraso no repasse a Estados desde o ano passado e a alta de casos em vários pontos do País preocupa.

A Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do ministério, Ethel Maciel, disse que a atual gestão assumiu “sem nenhum estoque” de adulticidas. “Já refizemos os contratos, mas como são compras internacionais, que chegam de navio, a previsão de entrega é mais demorada. Um dos que precisávamos foi aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) no fim de fevereiro.” Segundo ela, a situação de quatro Estados, onde há condições climáticas mais favoráveis à reprodução do mosquito, preocupam mais: Espírito Santo, Minas Gerais, Tocantins e Santa Catarina.

Até o fim de fevereiro, segundo o ministério, o Brasil teve alta de 46% nos casos de dengue e de 142% nas infecções por chikungunya este ano em comparação com o mesmo período do ano passado.

Em nota técnica da Coordenação-Geral de Vigilância de Arboviroses de 3 de março, o ministério informou aos municípios e Estados que o processo de aquisição de um dos fumacês, o Cielo-UVL (Praletina+Imidacloprida), estava na fase final de contratação, com expectativa de recebimento do insumo nos próximos 45 dias.

O atraso nos cronogramas, enfrentado desde 2022, são reflexo de dificuldade global de aquisição do produto. A nota explica ainda que, diante dos percalços, optou-se por incluir um novo adulticida para uso em UBV (equipamento que nebuliza o inseticida), o Fludora Co-Max (Flupiradifurone + Transflutrina), para evitar a dependência de um fornecedor único.

Conforme a nota, “se aprovada a excepcionalidade pela Anvisa, por se tratar de aquisição internacional, o produto não estará disponível para distribuição nos próximos 60 dias”.

Segundo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), houve problemas nos processos de compras de adulticidas no ano passado. “A atual gestão teve de reiniciar as compras, o que está gerando o atraso para o recebimento do ‘Cielo’”, afirmou a entidade, em nota.

“Outro adulticida estava em processo de compra, mas estava aguardando uma liberação da Anvisa, que só saiu recentemente, para que pudesse concluir a compra e iniciar o processo de importação”, acrescentou o órgão de secretários. Ainda segundo o conselho, os Estados precisarão ser capacitados para usar o novo produto, o Fludora.

O Conass diz que a aquisição é de responsabilidade do ministério, pois não há produção nacional e o processo de compra “geralmente é longo”.

Emergência

O uso do inseticida Cielo é recomendado só em situações de emergência, como surtos e epidemias, pois tem como alvo apenas os mosquitos adultos, diz nota técnica da Coordenação-Geral de Vigilância de Arboviroses do ministério, de 2020. No documento, a pasta frisa que, antes da pulverização, é preciso focar nas ações de “bloqueio focal”, que buscam eliminar criadouros do mosquito e impedir que passem da fase larval.

Somente os insetos adultos que estiverem em voo no momento da pulverização serão atingidos pelo produto. Assim, a eficiência está condicionada a “inúmeros fatores, como o clima, as condições dos equipamentos, a vazão, a faixa efetiva de aplicação, a habilidade do operador, a velocidade de aplicação”, além do hábitos do Aedes Aegypti, que tem preferência por uma “vida intradomiciliar”.

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No Ar: Caiçara Confidencial