Segunda-feira, 09 de dezembro de 2024

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Voltar Exército dificultou prisões em Brasília, afirma ex-chefe operacional da Polícia Militar

Ex-chefe do Departamento Operacional da Polícia Militar no Distrito Federal preso desde fevereiro, o coronel Jorge Eduardo Naime afirmou, nesta quinta-feira (16), em sessão da CPI dos Atos Golpistas, na Câmara Legislativa do Distrito Federal, que tropas do Exército dificultaram o trabalho da PM durante as ações de 8 de janeiro. Além disso, tentaram impedir a prisão dos extremistas e a entrada da corporação nas sedes dos Três Poderes durante a invasão. Ainda segundo o coronel, os bolsonaristas acampados em Brasília viviam em realidade paralela: ‘Parecia uma seita’.

“O tenente que era o oficial de dia no QG queria impedir que a gente prendesse as pessoas no gramado que fica ao lado da via N1. O argumento foi que o local era uma área do Exército e que a PM não poderia atuar. Presenciei o [interventor Ricardo] Cappelli tentando entrar, e o general Dutra não permitindo”, conta.

Naime está preso desde 7 de fevereiro, alvo da operação Lesa Pátria, da Polícia Federal, que investiga a omissão e suspeita de colaboração de militares frente aos atos antidemocráticos. No dia 8, ele estava de folga e fora de Brasília, mas foi convocado devido à gravidade da ocasião. Ele foi afastado do cargo pelo ex-interventor federal Ricardo Cappelli, em 10 de janeiro, dois dias após os ataques.

À CPI, o coronel narrou que, no dia 8 de janeiro, foi impedido por militares de prender os suspeitos no acampamento montado em frente ao QG do Exército após os atos.

“Tinha uma linha de choque do Exército com blindados. Eles não estavam voltados para o acampamento, mas voltados para a PM”, contou o policial militar.

Ação

Naime teria colocado 553 soldados para retirar o acampamento do QG em 29 de dezembro, mas, segundo ele, “houve orientação expressa em dezembro” para que ninguém fosse retirado.

Segundo o coronel, ele teria recebido a ordem de mobilizar as tropas para retirada da estrutura do acampamento apenas na manhã seguinte ao vandalismo.

Ele afirmou ainda que chegou a ser barrado por um soldado, a mando do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), ao tentar entrar em uma área do Palácio da Alvorada dias antes dos ataques.

“Eu estava em reunião, saí da reunião e fui lá ver o que estava acontecendo. E aí fui acessar a área que toda a população estava acessando. Devidamente fardado, com viatura caracterizada, com um patrulheiro ao meu lado. Fui abordado por um soldado do Exército que colocou a mão no meu peito, me proibiu de entrar e chamou uma guarnição do GSI”, relatou.

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