Terça-feira, 15 de outubro de 2024

Terça-feira, 15 de outubro de 2024

Voltar Ex-primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi “esqueceu” filho em última carta sobre testamento

Três documentos chegaram às mãos do tabelião Arrigo Roveda, em Milão, após a morte do magnata dos meios de comunicação e ex-primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi, em 12 de junho aos 86 anos. Dois deles, relativos ao testamento do megaempresário, eram de 2006 e 2020.

O terceiro era uma folha de papel timbrado, com o recado “Aos meus filhos” e datado de 19 de janeiro de 2022. De acordo com o jornal italiano “Corriere della Sera”, trata-se de uma carta de Berlusconi sobre o seu legado, enquanto ia ao hospital San Raffaele, depois do diagnóstico de leucemia.

“Querida Marina, Pier Silvio, Barbara e Eleonora, estou indo para San Raffaele. Se eu não voltar, por favor, tomem nota do seguinte”, escreveu o magnata, para indicar o desejo de deixar parte da herança para a mulher, Marta Fascina, e o amigo e sócio Marcello Dell’Utri. “Muito amor para todos vocês. Seu pai”, assinou, ao fim da mensagem.

Jornais italianos destacaram o fato de, na carta, Berlusconi ter esquecido Luigi Berlusconi, de 34 anos, um dos três frutos do segundo casamento do empresário, com Veronica Lario. O Berlusconi caçula nasceu na Suíça, se formou em Economia na Universidade Bocconi e se especializou no ramo das finanças. No momento, o empresário atua no setor imobiliário e no ramo das startups.

Caso o documento fosse o testamento, Luigi estaria excluído da herança. No entanto, o caçula foi contemplado no documento de 2006, em que o ex-premier detalha a divisão do patrimônio. Na carta com o filho “esquecido”, Berlusconi confirma as disposições do documento de 2006.

Berlusconi deixou 100 milhões de euros (R$ 527 milhões) à sua última mulher, Marta Fascina, de 33 anos, de acordo com seu testamento, aberto ao público nesta quinta-feira.

Fascina, a quem Berlusconi chamava de “minha esposa”, embora não fossem casados, também é deputada do partido Forza Italia, fundado pelo bilionário.

A sua mais recente companheira se beneficiou de um legado importante, mas modesto, dado o montante do espólio do empresário, estimado pela Forbes em 6,4 bilhões de euros (R$ 33 bilhões). A maior parte da fortuna irá para os cinco filhos, nascidos de dois casamentos, para quem o testamento foi lido na véspera. O conteúdo do documento foi divulgado pela agência italiana Ansa.

As disposições relativas às múltiplas participações imobiliárias ou mesmo aos iates de Berlusconi não foram reveladas, até o momento.

Marina e Pier Silvio Berlusconi, nascidos do primeiro casamento do magnata da mídia com Carla Dall’Oglio, herdam juntos 53% da empresa familiar Fininvest, disse à AFP uma fonte financeira após a abertura do testamento. Os outros três filhos, Luigi, Eleonora e Bárbara, frutos do segundo casamento com a ex-atriz Verónica Lario, dividem os 47% restantes.

Berlusconi havia tomado essa decisão em relação à sucessão na Fininvest em 2006, pouco antes de ser hospitalizado em Milão.

A empresa familiar controla uma série de empresas, incluindo o grupo de televisão MediaForEurope (ex-Mediaset), dirigido por Pier Silvio Berlusconi; as edições Mondadori, presidida por Marina Berlusconi; e o banco Mediolanum.

O resultado líquido da Fininvest caiu 44% para 200 milhões de euros (pouco mais de R$ 1 bilhão) no ano passado, enquanto o seu volume de negócios se manteve praticamente estável nos 3,8 milhões de euros (R$ 20 milhões).

Última mensagem

O testamento de Berlusconi, que dominou a vida política italiana por décadas, foi acompanhado por uma frase manuscrita dirigida a seus filhos: “Obrigado. Sinto muito amor por todos vocês. Seu pai”.

Berlusconi, cujas origens patrimoniais permanecem envoltas em mistério, também deixa 100 milhões de euros (R$ 527 milhões) ao irmão Paolo, bem como 30 milhões de euros (R$ 158 mlhões) ao amigo e sócio Marcello Dell’Utri, cofundador da Forza Italia. Dell’Utri, foi preso na década de 2010 por atuar como intermediário entre Berlusconi e a máfia siciliana Cosa Nostra, nos anos 1970.

As disposições relativas a Marta Fascina e Dell’Utri, escritas a tinta preta e contidas em envelope não lacrado, datam de janeiro de 2022 e são assim justificadas pelo seu autor: “Pelo carinho que tive por eles e que eles tiveram por mim”.

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