Sábado, 14 de dezembro de 2024

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Voltar Ex-ajudante de ordens, o coronel Cid diz em delação que Bolsonaro consultou as Forças Armadas sobre golpe após vitória de Lula

Em depoimento à Polícia Federal, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, informou que o então presidente Jair Bolsonaro discutiu com comandantes das Forças Armadas a possibilidade de um golpe de Estado. A informação foi revelada pelos jornalistas Bela Megale, no jornal O Globo, e Aguirre Talento, no UOL.

O fato foi revelado por Cid em depoimento de delação premiada fechada com a Polícia Federal. O militar afirmou aos investigadores que participou da reunião.

Conforme a apuração, além de Bolsonaro, a reunião contou com a presença da cúpula das Forças Armadas e ministros da ala militar. A pauta foi uma minuta que abriria a possibilidade de intervenção. Caso fosse colocado em prática, o plano de golpe impediria a troca de governo no Brasil.

A defesa de Mauro Cid disse que os depoimentos são sigilosos e que, por isso, não confirma o conteúdo.

Segundo o jornal, o tenente-coronel relatou ainda que o “então comandante da Marinha, almirante Almir Garnier Santos, teria dito a Bolsonaro que sua tropa estaria pronta para aderir a um chamamento do então presidente”. Já o Comando do Exército afirmou que não embarcaria no plano golpista.

O Almirante Almir Garnier dos Santos foi exonerado do Comando da Marinha no dia 30 de dezembro do ano passado. Numa quebra de protocolo, ele não compareceu à cerimônia de posse do sucessor, o atual comandante Marcos Sampaio Olsen, no dia 5 de janeiro deste ano.

Marinha e Exército em nota

A Marinha divulgou nota nesta quinta-feira (21) na qual disse que é fiel no cumprimento da lei e que a opinião de um oficial não reflete o posicionamento da Força. Na nota, a Marinha afirmou que não teve conhecimento do conteúdo da delação.

“Consciente de sua missão constitucional e de seu compromisso com a sociedade brasileira, a MB, Instituição nacional, permanente e regular, reafirma que pauta sua conduta pela fiel observância da legislação, valores éticos e transparência”, disse a Força na nota.

“A MB reitera, ainda, que eventuais atos e opiniões individuais não representam o posicionamento oficial da Força e que permanece à disposição da justiça para contribuir integralmente com as investigações”, concluiu a Marinha.

O Exército também divulgou nota, já que o trecho da delação de Cid falava dos comandantes das Forças Armadas.

“Em consequência, a Força não se manifesta sobre processos apuratórios em curso”.

O Exército ressaltou que respeita a lei.

“Por fim, cabe destacar que a Força pauta sua atuação pelo respeito à legalidade, lisura e transparência na apuração de todos os fatos que envolvam seus militares”, diz o Exército no texto.

Delação premiada

Mauro Cid já deu pelo menos três depoimentos para a Polícia Federal, somando mais de 23 horas. O acordo de colaboração de Mauro Cid foi fechado pela Polícia Federal (PF) e homologado no dia 9 deste mês, pelo ministro Alexandre de Moraes. No mesmo dia, o militar foi colocado em liberdade provisória. O militar estava preso desde maio, acusado de fraudar o cartão de vacinas de Bolsonaro.

Ele foi afastado do cargo que ocupava no Exército, está usando tornozeleira eletrônica e cumpre uma série de outras medidas cautelares, como a proibição de deixar o País, usar as redes sociais e de ter porte de armas.

O inquérito das milícias digitais foi aberto em 2021 pelo ministro Alexandre de Moraes e apura a existência de uma organização criminosa, de forte atuação digital, que atuaria para minar o Estado Democrático de Direito no Brasil.

A investigação, desde o início, girou em torno de aliados de Bolsonaro e, ao longo do tempo, foi se desdobrando em diferentes frentes. Foram sobre esses temas que Mauro Cid aceitou colaborar.

 

 

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No Ar: Caiçara Confidencial