Domingo, 13 de outubro de 2024

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Voltar Era Juan Guaidó chega ao fim na Venezuela com oposição se preparando para negociar com o chavismo

No início de 2019, enquanto Nicolás Maduro reivindicava a reeleição após uma eleição denunciada amplamente como fraudulenta, o presidente da Assembleia Nacional ficou diante de uma multidão exaltada de milhares de pessoas na Praça João Paulo II, na capital venezuelana, e se apresentou como o verdadeiro líder do país. “Vamos ficar nas ruas até que a Venezuela seja livre!”, prometeu Guaidó.

O então líder de 35 anos da Assembleia controlada pela oposição foi rapidamente apoiado pela gestão Trump e por governos de todo o mundo sob o argumento de que ele era agora o funcionário de maior escalão escolhido de forma democrática no país.

Uma figura unificadora pouco comum entre a oposição historicamente problemática, Guaidó disse que atuaria como “presidente interino” do país até a renúncia de Maduro – ou, pelo menos, até que ele concordasse em realizar eleições livres e justas.

Mas quase quatro anos depois e com pouco para mostrar por esforço próprio, o experimento chegou ao fim. Os legisladores da oposição, antigos apoiadores de Guaidó, encerraram nesta sexta-feira (30) o mandato dele, acabando com seu governo interino. Eles aprovaram a medida em uma votação com 72 votos a favor, 29 contra e 8 abstenções.

“Depois de quatro anos, não devemos continuar a manter um sistema que não deu resultados e é um fardo burocrático”, disse Nora Bracho, integrante de um dos três principais partidos da oposição que votaram pelo fim do governo interino, ao Washington Post. “Temos de nos reinventar e avançar na nossa luta.”

Controle de ativos

Em jogo não está apenas a perspectiva de eleições competitivas sob o Estado socialista autoritário d.e Maduro e o envolvimento dos Estados Unidos com o país, mas também o controle dos principais ativos do governo no exterior. Sob sanções dos EUA e de outros países, o governo interino administrou a Citgo Petroleum Corp., com sede em Houston, e o ouro armazenado no Bank of England.

Os legisladores que apoiam a retirada de Guaidó do poder dizem que criariam um comitê para proteger esses ativos e gerenciar as despesas. A Assembleia Nacional, eleita em 2015, continuaria no poder até 2023, mas apenas para legislar sobre questões relacionadas com os ativos.

A assembleia estava programada para se reunir nesta quinta-feira (29) para uma segunda e última votação. Entretanto, na quarta-feira à noite, por meio de sua conta no Twitter, que é controlada pelo gabinete de Guaidó, foi anunciado que a sessão tinha sido adiada para o dia 3 de janeiro. Ainda não está claro por que ela foi antecipada para esta sexta-feira.

Oposição

Os partidos da oposição Primeiro Justiça e Ação Democrática, que são a favor da destituição de Guaidó, responderam que não tinham sido consultados e que a sessão aconteceria como previsto. Em seguida, a conta da Assembleia tuitou que ela não poderia se reunir sem o presidente.

Guaidó, agora com 39 anos, disse ao Post no ano passado que continuaria como presidente interino “até que houvesse uma eleição presidencial livre e justa. (…) Esse é o meu mandato constitucional”. Sergio Vergara, deputado da oposição pelo Vontade Popular, o único partido grande que ainda apoia Guaidó, alertou que tirá-lo do poder equivaleria a reconhecer a eleição de Maduro.

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