Quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

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Voltar Entidades enviaram carta à CBF alegando que não reconhecem interventor e que virão ao Brasil acompanhar a situação

A carta conjunta que a Fifa e a Conmebol enviaram à CBF pedindo que a confederação não faça eleição antes que uma comitiva das entidades visite à confederação em janeiro, trouxe ainda mais insegurança para o ambiente do futebol no País. Por um lado, há quem acredite que as entidades estão blefando ao ameaçar suspender a CBF, enquanto outro crê que alguma sanção será imposta. Dado o retrospecto recente de punições da Fifa, é de se esperar que algo virá.

Na quinta-feira (14) à noite, Fifa e Conmebol alegaram que não reconhecem o interventor José Perdiz, presidente licenciado do STJD, como pessoa responsável pela CBF. O comunicado alega que a nomeação dele pela Justiça Comum descumpre o estatuto da Fifa, que proíbe interferência externa nas confederações. E além disso, não segue o próprio estatuto da CBF que diz que em caso de vacância da presidência e das vices, quem deve assumir é o diretor mais velho, no caso, Hélio Menezes, diretor de Governança e Compliance.

“Neste contexto, note que nenhuma outra autoridade além desta pessoa responsável no sentido do art. 64 do Estatuto da CBF será oficialmente reconhecida pela FIFA e pela CONMEBOL, consequentemente não serão aceitos documentos oficiais, cartas ou qualquer outra correspondência da CBF sem a assinatura deste responsável no sentido do art. 64 do Estatuto da CBF”, diz o documento.

Interventor

José Perdiz, por sua vez, está em uma encruzilhada. Ao mesmo tempo que descumpre as normas da Fifa, ele cumpre uma determinação judicial que foi referendada pelo STJ e precisa organizar uma eleição até o dia 22 de janeiro.

Através de nota, ele disse que “é com satisfação e respeito que recebemos a carta da Fifa. Vejo como um sinal positivo termos a entidade acompanhando o processo eleitoral na CBF. Conforme determinação da Justiça brasileira, confirmada pelo STJ, vou convocar em 30 dias as eleições, dentro da transparência e da lisura exigidas”.

Porém, alguns opositores a intervenção dizem que Perdiz está tomando atitudes que vão além do que foi determinado pela Justiça. A obrigação de Perdiz, segundo a decisão judicial, é que ele “realize a mencionada eleição para a Presidência e Vice-Presidências da CBF, em trinta dias úteis, ficando a seu cargo, até a posse da diretoria eleita, o pagamento das despesas corriqueiras que permitam o funcionamento da entidade, como salários e afins”.

Mas ele nomeou três diretores, tentou contratar um para gerir as seleções e quis trocar o secretário-geral. E além disso, ele tem se apresentado como presidente em exercício, quando na verdade, é interventor.

Punições recentes

No ano passado a Fifa suspendeu a Índia justamente por causa de uma decisão judicial. Na ocasião, o judiciário indiano nomeou uma comissão de administradores para confederação do país. A Fifa alegou interferência externa e além da suspensão, decidiu mudar de local a Copa do Mundo feminina sub-17 que estava marcada para o país. Porém, duas semanas depois, a Justiça encerrou as atividades dessa comissão e a suspensão foi encerrada. E manteve-se assim o mundial no país, que aconteceu normalmente.

Ainda em 2022, a Fifa suspendeu Quênia e Zimbábue. O primeiro país porque o Ministério dos Esportes suspendei a federação de futebol do país. O mesmo foi feito no Zimbábue, mas pela Comissão de Esportes e Recreações.

Na ocasião, o presidente da Fifa, Giani Infantino, disse:

“Tivemos que suspender dois de nossos membros; Quênia e Zimbábue, ambos por interferência do governo nas atividades das associações de futebol. As associações estão suspensas com efeito imediato. Eles sabem o que precisa ser feito para serem readmitidos ou para que suas suspensões sejam levantadas.”

Em 2021, a confederação do Chade foi suspensa após interferência governamental. O governo do país retirou os poderes da associação de futebol local e criou um comitê nacional para comandar a pasta. O governo alegou falhas na comunicação e preocupação sobre a forma com que a entidade era comandada.

No mesmo ano a confederação do Paquistão foi suspensa por causa de um golpe nas eleições. Um dos candidatos se declarou vencedor e tomou posse da entidade. A Fifa chegou a dar um prazo para o grupo deixar a confederação, mas foi ignorada.

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No Ar: Show da Tarde