Quinta-feira, 12 de dezembro de 2024
Por Redação Rádio Caiçara | 21 de setembro de 2023
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) reduziu a taxa Selic de 13,25% ao ano para 12,75% ao ano. Este é o menor patamar dos últimos 16 meses. A decisão foi unânime, ou seja, todos os diretores votaram pela redução.
No comunicado, o colegiado indicou que a decisão aconteceu diante do processo de desinflação, dos cenários econômicos avaliados no Brasil e no exterior e do balanço de riscos.
O Copom é formado pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto, e por oito diretores da autarquia, dois deles indicados pelo presidente Lula. O colegiado costuma se reunir a cada 45 dias para definir o patamar da taxa Selic. Neste ano, o comitê ainda deverá se reunir duas vezes, em 31 de outubro e 1º de novembro e em 12 e 13 de dezembro.
Entre os principais pontos trazidos pelo Copom estava a percepção sobre o atual cenário macroeconômico brasileiro, que, segundo especialistas, foi ponderado e não foi alterado drasticamente em relação aos sinais dados pelo colegiado na última reunião.
O comitê reconheceu, no informativo divulgado, as recentes quedas da inflação subjacente (que desconsidera o impacto de fatores temporários ou preços muito voláteis), entretanto, destacou a alta do indicador no acumulado de 12 meses.
Conforme os últimos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulou um avanço de 4,61% nos 12 meses terminados em agosto. Em julho, essa alta era de 3,99%.
O BC também reconheceu que a atividade econômica do País tem apresentado uma resiliência maior do que o esperado anteriormente, mas afirmou que “o Copom segue antecipando um cenário de desaceleração da economia nos próximos trimestres.”
“O Banco Central manteve, a grosso modo, a sinalização anterior. De modo geral, o cenário macroeconômico veio em linha com a expectativa e o Copom manteve o plano de voo dele”, salientou a economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Natalie Victal.
Outro ponto abordado foram os fatores de risco que ainda existem para o quadro inflacionário brasileiro. Entre os fatores de alta, por exemplo, o comitê destacou uma maior persistência das pressões inflacionárias globais e
e uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais apertado.
Já entre os riscos de baixa dos preços, os diretores do BC destacaram uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada e os impactos do aperto monetário sincronizado sobre a desinflação global se mostrarem mais fortes do que o esperado.
Segundo o BC, as expectativas de inflação apuradas pelo Focus, relatório que reúne as projeções de diversas instituições financeiras para os principais indicadores econômicos do Brasil, estão em 4,9% para 2023, 3,9% para 2024 e 3,5% para 2025.
Já as projeções do Copom em seu cenário de referência estão em 5,0% para 2023, 3,5% para 2024 e 3,1% em 2025. “As projeções para a inflação de preços administrados são de 10,5% em 2023, 4,5% em 2024 e 3,6% em 2025”, completou o comunicado.
Segundo especialistas, a importância do controle do cenário fiscal também continua como um ponto de atenção por parte do Copom.
“Tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o Comitê reforça a importância da firme persecução dessas metas”, disse o colegiado no comunicado.
“O Copom não colocou [a questão fiscal] no balanço de riscos, mas fez um alerta da importância de cumprir e perseguir as metas traçadas. Isso ajuda no processo de afrouxamento da política monetária, de cortes da Selic”, afirmou o economista-chefe da Western Asset, Adauto Lima.
Por fim, outro recado importante diz respeito ao cenário internacional. No comunicado, por exemplo, o colegiado destacou que o ambiente externo se mostra “mais incerto”, com a continuidade do processo de desinflação — mesmo com os indicadores subjacentes ainda elevados — e resiliência nos mercados de trabalhos de diversos países.
“Os bancos centrais das principais economias permanecem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas”, disse o colegiado, destacando que notou a alta dos juros de longo prazo nos EUA e a perspectiva de menor crescimento na China, “ambos exigindo maior atenção por parte de países emergentes.”
Segundo o analista de investimentos da Aware Investments Leandro Ormond, além de as Treasuries (títulos do Tesouro norte-americano) de 10 anos terem atingido o maior patamar desde 2007, a China, o principal parceiro comercial do Brasil, apresentou dados “decepcionantes no primeiro semestre”.
No Ar: Caiçara Confidencial