Sábado, 27 de setembro de 2025
Por Redação Rádio Caiçara | 26 de setembro de 2025
A reunião entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, caso ocorra de forma presencial, poderá ser em um território neutro, segundo interlocutores do governo brasileiro. Entre as opções aventadas estão a Itália e a Malásia, países onde Lula deverá estar nos próximos dias.
No próximo mês, Lula deve viajar a Roma, na Itália, no dia 13, para participar de um evento promovido pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e, no dia 23, estará em Kuala Lumpur, na Malásia, como convidado para um encontro de líderes da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean). A expectativa é que Trump também esteja nesses locais.
Não está descartada, porém, a hipótese de o brasileiro voltar aos Estados Unidos para encontrar Trump na Casa Branca, em Washington, ou até mesmo em Mar-a-Lago, onde fica o resort do presidente americano na Flórida.
Segundo auxiliares de Lula, a conversa entre os dois mandatários está sendo preparada por autoridades dos dois países, mas ainda não se sabe o formato, a data e o local. Há quem prefira que o primeiro contato seja por telefone, mas tudo vai depender das agendas.
Existe a preocupação com o tratamento a ser dado por Trump ao presidente brasileiro, como já aconteceu com o ucraniano Volodymyr Zelensky e o sul-africano Cyril Ramaphosa.
Em Brasília, existe a avaliação de que Trump, ao anunciar que se reuniria com Lula na semana seguinte, em discurso na reunião da Assembleia Geral da ONU, na última terça-feira, deu um recado direto aos membros da equipe do secretário de Estado, Marco Rubio, mais críticos ao Judiciário brasileiro.
Um dia antes, os EUA haviam aplicado uma segunda rodada de sanções contra cidadãos brasileiros, incluindo Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes — punido de várias formas pela Casa Branca, que considera o magistrado o algoz do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Auxiliares de Lula ressaltam que a nova postura de Donald Trump em relação a Lula se deve a um esforço diplomático que começou assim que os EUA anunciaram o tarifaço sobre as exportações brasileiras.
O Brasil foi atingido por uma sobretaxa de 50% e um dos principais motivos alegados foi o tratamento dado a Bolsonaro — que foi condenado pelo STF a 27 anos de prisão por golpe de Estado, a despeito das pressões da Casa Branca. Também teve peso significativo a pressão de empresários brasileiros e americanos sobre o governo dos Estados Unidos.
Pelo Brasil, os principais interlocutores são o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Geraldo Alckmin), o ministro da Fazenda (Fernando Haddad) e o chanceler Mauro Vieira. Se pudesse escolher, o governo brasileiro preferiria que Rubio não estivesse à frente das conversas. A preferência seria pelo USTR (escritório comercial dos EUA), o Tesouro americano e o Departamento de Comércio.