Quarta-feira, 15 de janeiro de 2025
Por Redação Rádio Caiçara | 5 de dezembro de 2023
O empresário do cantor Alexandre Pires está no centro de investigações por integrar o “núcleo financeiro” de um suposto esquema de garimpo ilegal na Terra Yanomami, de acordo com a Polícia Federal (PF). Matheus Possebon foi preso preventivamente pela PF de Santos, no litoral de São Paulo, após desembarcar do cruzeiro temático do artista. Ele é um dos responsáveis pela Opus Entretenimento, que faz o gerenciamento de carreira de grandes nomes da música brasileira.
Entre os artistas que são atendidos por Possebon e pela Opus estão Ana Carolina, Seu Jorge, Daniel, Jota Quest, Raça Negra, Roupa Nova, entre outros. Até o momento, nenhum dos artistas foi citado ou é investigado pela PF no caso do garimpo ilegal.
De acordo com o inquérito, Pires teria recebido ao menos R$ 1 milhão de uma mineradora investigada. O inquérito também aponta que o esquema contaria com Possebon como um dos responsáveis pelo núcleo financeiro dos crimes. Foi determinado o sequestro de mais de R$ 130 milhões dos suspeitos.
A empresa, que começou a funcionar em 1976, também foi realizadora de turnês internacionais como Guns N’ Roses e Kiss, além dos shows de Ray Charles, Norah Jones, Justin Bieber, Avril Lavigne, Paramore, Evanescence, entre outros. Mas, só em 2019 uma mudança estrutural integrou Matheus Possebon como um dos executivos da firma.
Além de empresário, Possebon também tentou se lançar na carreira musical. Ele já gravou faixas em estúdios e fez apresentações em Londres e na Argentina. Após a operação, tanto o perfil do empresário no Instagram como seu site pessoal saíram do ar. Na página de Alexandre Pires no Instagram, o nome de Possebon — que era indicado como seu empresário — foi silenciosamente omitido.
Operação
Alexandre Pires e Possebon foram alvo de um mandado de busca e apreensão em um cruzeiro onde se apresentava no litoral de Santos. Segundo as investigações, o artista teria recebido R$ 1.382 milhão de uma mineradora alvo de um inquérito.
A PF aponta que Pires recebeu dois depósitos, de R$ 357 mil e de R$ 1 milhão em suas contas bancárias. A investigação identificou ainda que uma das contas bancárias do músico também chegou a enviar, em uma atividade considerada atípica, R$ 160 mil para a mineradora.
Para os investigadores, essas movimentações financeiras indicam que a conduta de Pires “ignorou a origem do dinheiro e assumiu o risco de ser proveniente de atividade criminosa”.
Ainda de acordo com a PF, “os valores expressivos advindos de uma pessoa jurídica do ramo minerário com artista consagrado nacionalmente é um forte indicativo de ignorância deliberada sobre a origem criminosa do dinheiro de forma a evitar responsabilização criminal”.
A operação foi chamada de Disco de Ouro, e é um desdobramento de uma ação da PF deflagrada em janeiro de 2022, quando 30 toneladas de cassiterita extraídas de terra indígena que se encontravam depositadas na sede de uma empresa investigada e estariam sendo preparadas para remessa ao exterior.
Desta vez, os agentes descobriram indícios de que foi armado um suposto esquema para a retirada ilegal de cassiterita da Terra Indígena Yanomami. O minério, valorizado no mercado internacional, era declarado como originário de um garimpo regular no Rio Tapajós, em Itaituba, no Pará, e supostamente transportado para Roraima para tratamento.
“Verdadeiro oásis”
Dono de um extenso patrimônio, Alexandre Pires vive numa mansão avaliada em R$ 16 milhões na região da Granja Viana, em São Paulo. A propriedade de dois andares foi posta à venda no fim do último ano. Tem um terreno de 6.902 m² e conta com atrativos como piscina, sauna, estacionamento para 200 veículos, duas cozinhas industriais, ofurô, jardim de inverno.
O cantor também é proprietário de um imóvel em Itapema, em Santa Catarina, estimado em R$ 4 milhões.
E possui um apartamento no condomínio Yachthouse Residence Club, em Balneário Camboriú (SC), no prédio que é considerado o edifício mais alto do Brasil, com 81 andares e 275 metros de altura — e onde Neymar é proprietário de uma cobertura quadríplex. Os apartamentos, por ali, custam, em média, R$ 8 milhões.
No Ar: Clube do Ouvinte