Segunda-feira, 12 de maio de 2025
Por Redação Rádio Caiçara | 18 de novembro de 2023
Os candidatos à presidência da Argentina, o libertário Javier Milei e o peronista Sergio Massa, bateram boca acaloradamente sobre a relação com o Brasil no último debate antes das eleições presidenciais na Argentina, marcadas para este domingo (19). O debate é visto como fundamental para conquistar o eleitor indeciso.
A discussão foi motivada por uma fala do peronista e atual ministro da Economia, que acusou Milei de querer romper o diálogo com os dois principais parceiros comerciais argentinos, Brasil e China. “Criar problemas com Brasil e China vai terminar com menos empregos. Política exterior não pode ser regida por caprichos”, afirmou Massa.
“Sobre as mentiras de quem me acusa de dizer que não devemos comercializar com a China ou o Brasil, é falso. É uma questão do mercado privado e o Estado não tem porque se meter, porque cada vez que se mete gera corrupção”, afirmou Javier Milei, dizendo que seu adversário mentia. “Alberto Fernández também não falava com [o ex-presidente Jair] Bolsonaro”.
O Brasil tem feito parte da campanha na Argentina. A equipe de Sergio Massa, ministro da Economia e candidato da esquerda à presidência da Argentina, ganhou o reforço em setembro de marqueteiros e estrategistas brasileiros que lideraram campanhas do PT nos últimos anos. Eles desembarcaram em Buenos Aires após as primárias, em agosto, para atuar na reação ao avanço do libertário e oposicionista Javier Milei.
Além disso, como revelou o Estadão na coluna da repórter Vera Rosa, Lula ajudou em uma operação para que o Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF) concedesse empréstimo de US$ 1 bilhão à Argentina. Com o dinheiro, o ministro Sergio Massa, candidato à Casa Rosada, conseguiu novo acordo para liberar recursos do FMI.
As últimas pesquisas de intenção de votos colocam Javier Milei a frente de Massa, mas muitas delas com diferenças pequenas, dentro das margens de erro, o que caracteriza um empate técnico. Frente ao cenário apertado e ao histórico de erros que tiveram as pesquisas tanto nas primárias quanto no primeiro turno, analistas não arriscam apontar um desfecho certo para o próximo domingo, afirmando que o cenário continua em aberto.
Embate
O eixo temático do debate foi a relação da Argentina com o mundo. Massa abriu citando ter boas relações com Brasil e China, a visita do papa à Argentina e a reinvindicação argentina das Ilhas Malvinas. Temas caros ao libertário Milei, que já afirmou não dialogar com “comunistas”, como já classificou Lula e Xi Jinping.
Milei chama o Mercosul de “estorvo” ao tratar de comercializar com China e Brasil. O libertário diz que as afirmações feitas pela campanha de Massa de que ele vai cortar relações com estes países como falsas e defende que o próprio mercado regule estas relações.
“Brasil e China, vai manter relações ou não? Porque chamou de comunistas ambos os presidentes”, questionou Massa.
Milei respondeu que Alberto Fernández não tinha relações com o ex-presidente Jair Bolsonaro. “Você pertence a um governo onde Alberto Fernández não falou com Bolsonaro, que problema tem se eu falar ou deixar de falar com Lula?”, questionou Milei. Massa rebateu dizendo que ele visitou o ex-presidente como ministro.
“Acredito numa Argentina livre, que pode negociar com quem quiser”, disse Milei. “Não como aqueles que querem regular o comércio para obter algumas vantagens. Como aqueles do seu governo que obtém com a SIRA (órgão que regula as importações) e subsidiando dólares baratos para seus amigos que importam”.
Massa apostou no tema das relações internacionais para acusar Milei de colocar milhares de empregos argentinos em risco devido a um suposto corte de relações com Brasil e China. “Se não negociar com a China, podemos ir negociar com outro”, respondeu Milei.
Marqueteiros brasileiros
O primeiro eixo temático do debate foi Economia, tema em que Javier Milei disse ser especialista devido ao seu diploma de Economista. O libertário focou na inflação, que atualmente chega a quase 140% no país. O tema atinge em cheio Sergio Massa, o atual ministro da Economia.
A presença de marqueteiros brasileiros ligados ao PT apareceu logo no primeiro bloco, quando Milei respondia às perguntas de Massa. “Sugiro que vejam os vídeos completos e não os editados pelos brasileiros para fazer campanha negativa”, disse. O libertário defende que Massa faz uma campanha de medo contra ele depois da chegada dos brasileiros.
Massa preferiu utilizar seus dois minutos iniciais para questionar Milei se ele iria eliminar os subsídios, privatizar a reserva de petróleo do país e dolarizar a Economia. Milei respondeu chamando a campanha do ministro de mentirosa. “Vocês são mentirosos e você é um mentiroso”, disse o libertário.
O tema dos subsídios foi o central do primeiro bloco temático, com os candidatos se acusando mutuamente de mentir.
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