Sábado, 18 de maio de 2024

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Voltar Divagando sobre “Liturgia”

A palavra “Liturgia” em grego vem da conjunção de “Laos” (povo) e “Urgia” (ofício).

No cristianismo se referia ao ritual formal elaborado numa missa católica.

Atualmente a expressão “liturgia do cargo” tem como significado o comportamento ético num cargo político. Como recebe o poder de representar e conduzir os demais cidadãos o homem público tem que ser um exemplo para sociedade.

Exemplo na apresentação, na aparência, nos modos, no autocontrole, na tolerância e na educação. É necessário sobriedade e conduta ilibada.

A recém-falecida Rainha Elizabeth sempre possuiu uma postura a altura do cargo que ocupou.

Manteve o protocolo no casamento de Charles, na morte da Diana e no afastamento de Harry da realeza! Seu comportamento sempre foi exemplar e por isso os ingleses retribuíram com reconhecimento e afeto no seu enterro.

Claro que ela não era perfeita. Era humana! Soube dissociar a sua vida particular da pública!

O mesmo não se pode dizer de Boris Johnson que foi denunciado por promover festas durante a pandemia.

Desrespeitou o lockdown preconizado pelo governo inglês que ele representava.

Foi a gota d’água para a sua renúncia.

Fato semelhante ocorreu com a primeira-ministra da Finlândia Sanna Marin.

A mais jovem no mundo, a ocupar este cargo, foi acusada de usar drogas, depois que um vídeo viralizou mostrando a semi-alcoolizada e dançando com amigas.

A liturgia do cargo de primeira-ministra não lhe permite isso!

Para nós brasileiros, infelizmente os três últimos presidentes eleitos não se comportaram de maneira exemplar.

Não dominam o nosso idioma português.

Fazem erros de concordância nas suas falas. Elaboram ideias confusas. O ritual de relacionamento com o povo, com a imprensa, com subalternos e outros políticos foi sempre inadequado.

Faltou nobreza e polidez. Ainda mais, o que é algo imperdoável: HONESTIDADE.

Pela liturgia do cargo, pelo salário governamental que recebem, nenhum político poderia se tornar rico!!

São exceções aqueles que recebem outras fontes de renda além da política.

A liturgia também deve ser símbolo de identificação.

Isto ocorre nas mais distintas profissões. O Juiz usa toga, o advogado usa terno e gravata, o bombeiro e o policial usam uniforme. O médico usa branco ou avental.

O liberalismo, que se baseia na liberdade individual (política, econômica, religiosa, intelectual) é o inimigo da clássica e histórica liturgia.

Como médico tradicional, conservador e obediente aos padrões do cerimonial médico, sinto vergonha quando alguém no hospital veste jeans e tênis e, sem o avental, exibe no peito o crachá que diz “Dr. Fulano, médico”!!!

Carlos Roberto Schwartsmann – Médico e Professor universitário

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