Domingo, 13 de outubro de 2024

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Voltar Disney prepara grande celebração para seu centenário

A Walt Disney Company criou uma vinheta comemorativa para a abertura de seus filmes, sempre marcada pela queima de fogos de artifício ao redor do castelo da Cinderela, ao som de “When You Wish Upon a Star”. Apresentada na estreia de “Mundo Estranho”, no dia 24, a atualização passa a acompanhar todos os próximos lançamentos do estúdio (cinema e streaming). Após um encanto da fada Tinker Bell, o castelo ganha sucessivas versões estilizadas, e o logotipo da empresa agora vem com a frase “100 Anos de Emoção”, abaixo da assinatura de Walt Disney (1901-1966).

A nova vinheta marca o centenário da companhia, fundada em 16 de outubro de 1923, em Burbank, na Califórnia, pelos irmãos Walt e Roy. Independentemente da crise que a Disney atravessa, com a queda de cerca de 40% de suas ações neste ano, a empresa prepara uma série de eventos para comemorar seu aniversário ao longo de 2023. Serão exposições, livros, concertos, atrações nos parques, produtos licenciados e uma animação que celebra o legado dos filmes do estúdio.

Atualmente em produção, “Wish” resume o espírito da empresa, de inspirar o espectador a concretizar os seus sonhos. “A canção ‘When You Wish Upon a Star’ foi ouvida pela primeira vez na animação ‘Pinóquio’, em 1940. E esse é o nosso lema, sonhar alto, sonhar o impossível e transformar os sonhos em realidade. E é isso que tentamos fazer todos os dias no estúdio”, disse Alan Bergman, presidente do The Walt Disney Studios, no palco da última D23 Expo, a convenção para os fãs da Disney realizada em Anaheim, na Califórnia.

O ponto de partida para “Wish” foi a estrela cadente que desenha um arco acima do castelo da Cinderela no final da vinheta tradicional da Disney. Como tantos personagens do estúdio já fizeram os seus pedidos à estrela, a ideia é mostrar de onde ela vem. Com direção de Chris Buck (dos filmes “Frozen”, de 2013 e 2019) e Fawn Veerasunthorn, o longa inspirado visualmente nas aquarelas de contos de fadas é ambientado em Rosas, um reino de fantasia onde todos os desejos se tornam realidade (literalmente).

“O marco do centenário nos faz pensar em tudo o que temos para celebrar. Olhamos para trás, quando Walt começou tudo, mas, como líderes, temos que olhar para frente”, afirmou ao Valor a presidente de conteúdo e operações internacionais da Walt Disney Company, Rebecca Campbell, em Anaheim. “O que vai acontecer nos próximos 100 anos com a nossa companhia? Não pretendemos descansar sobre os louros conquistados e sim pensar em como elevar nossas marcas, franquias e propriedades intelectuais”, disse.

Há 25 anos na Disney, Campbell acompanhou as grandes aquisições da empresa. “Quando ingressei, nós não tínhamos ainda marcas como Pixar, Marvel e Star Wars e os ativos da 21st Century Fox. A Disney soube comprar as companhias certas para continuar crescendo, o que hoje representa a nossa vantagem estratégica, sobretudo no segmento de DTC [‘direct to consumer’, com os produtos ofertados diretamente ao consumidor]. Nosso portfólio é extremamente rico. Temos opções para todos”, disse.

O CEO responsável pelas aquisições-chave para a empresa, Robert Iger, voltou a ocupar o cargo no último dia 20 — após a demissão de Bob Chapek, que havia herdado o posto de Iger, em 2020. O afastamento é atribuído, em parte, à queda de lucro da empresa, que no mais recente trimestre relatado teve prejuízo de US$ 1,47 bilhão com a plataforma de streaming, o Disney+, em que Chapek aumentou enormemente os gastos com conteúdo para atrair assinantes e bater as rivais no segmento. Somando a esse serviço os clientes da ESPN+ e Hulu nos EUA, a Disney tem 221 milhões de assinantes no mundo.

Enquanto Iger entra em ação para recuperar a lucratividade da Disney, as comemorações do centenário apostam no legado da companhia, como o conglomerado de entretenimento que marca uma geração atrás da outra. “Nossa exposição vai resgatar um século de narração de histórias e inovação incomparáveis. Vamos celebrar a magia da Disney, desde 1923 até o presente e em direção ao futuro, além do impacto sobre os fãs ao redor do mundo”, contou Becky Cline, diretora dos arquivos da Walt Disney, ao apresentar “Disney100: The Exhibition”, durante a D23.

Vendida como a maior exposição que o departamento já fez, a empreitada tem abertura agendada para 18 de fevereiro, no Franklin Institute, na Filadélfia. De lá, a mostra segue para Chicago e, na sequência, para Kansas City. Enquanto uma unidade da exposição excursiona por cidades da América do Norte, uma outra idêntica vai percorrer o resto do mundo, começando por Munique, na Alemanha, com inauguração em 18 de abril. As demais cidades ainda não foram definidas.

Ainda que o foco seja reviver os 100 anos da Disney, a exposição abre mão da estrutura cronológica para ser dividida por temas — com base nas filosofias que Walt Disney estabeleceu como alicerce e que permanecem até hoje. Como criação de personagens e histórias cativantes, espírito de aventura, magia do som e da música, inovação tecnológica e outras. “Não queríamos que o público tivesse de passar por oito galerias até encontrar Olaf”, disse Paula Sigman-Lowery, uma das curadoras, na D23, referindo-se ao boneco de neve que rouba a cena das princesas Elsa e Anna em “Frozen”.

Algumas “joias” integram a coleção de mais de 250 artefatos originais (incluindo figurinos, adereços e memorabilia) que contam a história do estúdio. Entre elas, uma maquete de Pinóquio, o sapatinho de cristal da Cinderela, o globo de neve de Mary Poppins e o livro de histórias que aparece na abertura de “Branca de Neve e os Sete Anões” (1937).

O calendário de comemorações dos 100 anos ainda inclui o lançamento da aguardada adaptação em live-action do clássico de animação de 1989 “A Pequena Sereia”. O filme, que desembarca nos cinemas em 25 de maio, traz uma atriz negra (Halle Bailey) no papel de Ariel, concebida como ruiva de olhos azuis no desenho – o que gerou controvérsia e ataques racistas nas redes sociais.

A mudança reflete a proposta da Disney de reforçar a diversidade – depois de longa hegemonia branca entre as princesas. Lançada em 2009, em “A Princesa e o Sapo” (2009), Tiana foi a primeira negra da franquia Disney Princesas.

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