Segunda-feira, 24 de março de 2025
Por Redação Rádio Caiçara | 26 de outubro de 2023
Representantes de Israel e de países árabes trocaram fortes acusações na tribuna da Assembleia Geral da ONU nessa quinta-feira (26). Durante dois dias, o órgão debate a guerra entre Israel e o Hamas, após o Conselho de Segurança fracassar em aprovar uma resolução para cessar o conflito.
“Para deter esta loucura, vocês têm a oportunidade de fazer algo, de enviar um sinal importante. Escolham a justiça, e não a vingança”, disse o embaixador palestino Riyad Mansour. “Não percam esta oportunidade. Há vidas que dependem disso e cada vida é sagrada. Por favor, salvem vidas, salvem vidas, salvem vidas. Votem a favor de nosso projeto de resolução.”
Depois que as divisões ficaram evidentes no Conselho de Segurança com a rejeição, em menos de duas semanas, de quatro projetos de resolução sobre a guerra entre Israel e Hamas, os países árabes, em particular, esperam que a Assembleia Geral (onde a relação de forças é diferente e nenhum país tem direito de vetar a proposta de outro) possa adotar uma posição, embora suas resoluções não sejam vinculantes.
A Jordânia fez circular um projeto de resolução ainda em discussão, que será submetido a votação nesta sexta (27).
“Israel está transformando Gaza em um inferno perpétuo na Terra. O trauma vai perseguir gerações inteiras”, declarou o ministro das Relações Exteriores da Jordânia, Ayman Safadi, em nome dos 22 países do grupo árabe. “O direito à autodefesa não é uma licença para matar impunemente, o castigo coletivo não é autodefesa, é um crime de guerra.”
O texto, do qual a agência de notícias AFP obteve uma cópia, se concentra majoritariamente na situação humanitária, pedindo um “cessar-fogo imediato” e o acesso “sem restrições” de ajuda humanitária à Faixa de Gaza. Também urge a “todas as partes” que “protejam os civis”, mas não menciona os ataques do Hamas.
“Os que redigiram a resolução afirmam estar preocupados com a paz, mas nem sequer mencionam os assassinos depravados que começaram esta guerra”, criticou o embaixador israelense Gilad Erdan. “Esta resolução é um insulto à inteligência, e o único lugar ao qual esta resolução pertence é a lata de lixo da história.”
Cessar-fogo
A Assembleia-Geral da ONU suspendeu sessão de emergência marcada para esta quinta-feira sem votar resolução sobre um cessar-fogo em Gaza. O encontro foi convocado por países favoráveis ao fim do conflito no Oriente Médio depois de uma série de impasses em discussões no Conselho de Segurança. A avaliação da proposta deve ser retomada na manhã desta sexta, quando outros representantes internacionais devem ser ouvidos pelo colegiado da ONU.
O encontro, convocado emergencialmente, busca trazer uma resolução diplomática para a guerra que se arrasta na região há 19 dias diante de dificuldades travadas dentro do Conselho de Segurança para aprovar uma proposta. Desde a semana passada, Rússia, Brasil e Estados Unidos apresentaram sugestões para serem avaliadas pelas demais delegações, mas nenhuma passou por terem sido vetadas. Essa prerrogativa é exclusiva de membros com assentos fixos no conselho — Estados Unidos, China, Rússia, França e Reino Unido.
Na semana passada, os Estados Unidos vetaram propostas apresentadas pelo Brasil e pela Rússia por não garantir o direito de defesa a Israel, país sempre defendido em decisões tomadas pelos americanos na ONU. Na quarta (25), Rússia e China vetaram uma costura de resolução elaborada pelos americanos por prever o direito de defesa do Estado judeu e falar em cessar-fogo na região. Já na terça-feira, uma segunda resolução da Rússia foi vetada por EUA e Reino Unido.
A discussão no âmbito da Assembleia-Geral da ONU, composta por 193 países, pode levar à elaboração de uma proposta de resolução pedindo um cessar-fogo em Gaza, defendido pela maioria dos integrantes do colegiado. No entanto, as autoridades envolvidas não são obrigadas a cumprir o previsto no texto, como ocorre nas resoluções do Conselho de Segurança.
No Ar: Clube do Ouvinte