Quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

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Voltar Depois de uma sequência de idas e vindas e de muitas incertezas, a Eletrobras foi privatizada nesta semana

A Eletrobras finalizou o processo de capitalização nesta semana e, com isso, estará privatizada. O procedimento de bookbuilding (coleta de intenções de investimento para formar o preço) se encerrou e o preço por ação foi fixado em R$ 42, de acordo com fontes ligadas à operação. O pontapé inicial da empresa privatizada será a negociação das ações a partir de segunda-feira (13) na B3.

A demanda total da operação chegou a R$ 68 bilhões, muito acima da oferta, e por isso haverá um rateio entre os interessados. Algumas ordens, porém, foram feitas com ação abaixo do valor estabelecido e os interessados precisam aumentar a oferta para entrarem no negócio.

Com o preço das ações nessa faixa, a privatização da maior empresa de energia da América Latina movimentou cerca de R$ 33,7 bilhões, considerando inclusive o lote suplementar. Houve uma forte disputa para fechar o preço por ação, que acabou estabelecido em R$ 42.

Os fundos internacionais tentaram puxar esse valor para baixo. O preço ficou dentro do estabelecido pelo Tribunal de Contas da União para garantir a privatização.

A venda da maior empresa de energia da América Latina foi a maior privatização já realizada por meio da Bolsa no Brasil. Além de ter sido a segunda maior oferta de ações do mundo neste ano, a venda da Eletrobras também foi a maior operação na B3 desde a megacapitalização da Petrobras, em 2012, que movimentou US$ 70 bilhões.

A demanda estava girando em torno de R$ 55 bilhões, mas esse valor subiu por conta da adesão de investidores institucionais ainda nesta quinta-feira. Isso foi feito pelos investidores-âncora, que são aqueles que garantem a operação.

O Fundo Soberano de Cingapura (GIC) atuou como investidor-âncora, assim como o fundo de pensão canadense CPPIB. Já Itaú e o 3G Radar, que têm posições relevantes de Eletrobras em seus portfólios, também fizeram grandes reservas. Na lista dos investidores que também reservaram papéis da Eletrobras estão gestoras como SPX, Squadra e Truxt.

A oferta também forte reforço do FGTS, cuja demanda chegou a R$ 9 bilhões, mas o teto da oferta era de R$ 6 bilhões. No total, 370 mil trabalhadores usaram o fundo de garantia para fazer reservas pelos papéis.

Os bancos que lideram a oferta foram BTG Pactual (líder), Bank of America, Goldman Sachs, Itaú BBA, XP, Bradesco BBI, Caixa Econômica Federal, Citi, Credit Suisse, JPMorgan, Morgan Stanley e Safra.

O secretário especial de Desestatização do Ministério da Economia, Diogo Mac Cord, comemorou o resultado.

“Muita gente duvidou, mas em menos de dois anos conseguimos preparar uma medida provisória, aprovar no Congresso Nacional, estruturar a modelagem mais complexa já vista e garantir a maior privatização da história do Brasil”, disse o secretário.

As ações preferenciais da Eletrobras fecharam esta quinta-feira cotadas a R$ 42,50, alta de 2%.

A privatização é um símbolo para o ministro da Economia, Paulo Guedes, e para o presidente Jair Bolsonaro. O governo, até agora, não tinha conseguido vender nenhuma grande estatal de controle direto da União.

Mesmo mantendo um discurso de defesa da venda de praticamente todas as empresas públicas, Guedes não conseguira até agora emplacar nenhuma grande privatização — mesmo tendo vendido subsidiárias e participações via BNDES, que somaram cerca de R$ 250 bilhões.

Projeto desde 2017

O projeto de venda da Eletrobras vinha se arrastando há anos e sofreu diversos percalços no caminho. A privatização foi anunciada inicialmente pelo governo Michel Temer, em 2017. Ele chegou a encaminhar um projeto ao Congresso tratando do assunto, que nunca foi votado. Só no ano passado o governo Bolsonaro encaminhou uma medida provisória (MP) ao Congresso para acelerar o processo. Mesmo assim, a análise da privatização pelo Tribunal de Contas da União (TCU) foi dúvida até o último momento, tendo o desfecho em maio.

Pelo cronograma do governo, as novas ações da Eletrobras começarão a ser negociadas na B3 na próxima segunda-feira, quando deve ocorrer também a liquidação, ou seja, quando os investidores pagarem os valores referentes à reserva. As ADRs (recibo de ações) na Bolsa de Nova York começarão a ser negociadas na sexta-feira.

Está prevista uma cerimônia na B3 na terça-feira (14) com a presença de Bolsonaro, Guedes e outros ministros do governo.

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