Quinta-feira, 16 de janeiro de 2025
Por Redação Rádio Caiçara | 16 de dezembro de 2023
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu manter a Polícia Federal sob o comando do delegado Andrei Rodrigues mesmo após a mudança que ocorrerá no Ministério da Justiça, cujo titular, Flávio Dino, vai assumir uma cadeira no Supremo Tribunal Federal no ano que vem. A relação de confiança estabelecida com o petista e a primeira-dama, Rosângela Silva, Janja, blinda Rodrigues da dança das cadeiras prevista para a pasta, à qual a PF está subordinada. Quanto ao substituto de Dino, o ex-integrante do STF Ricardo Lewandowski continua sendo o nome mais cotado ao posto, de acordo com ministros do Palácio do Planalto com acesso direto às articulações, apesar de o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), ter afirmado que o ex-magistrado estaria fora do páreo.
Andrei Rodrigues tornou-se um dos portos seguros do casal presidencial por ter chefiado a segurança de Lula durante a campanha eleitoral do ano passado. Ele desempenhou a mesma função para a chapa de Dilma Rousseff na disputa de 2010. Ministros que acompanham o dia a dia do Palácio do Planalto veem o presidente familiarizado com o delegado. Janja, que costuma ser ouvida em grande parte das decisões sobre dispensas e nomeações no Executivo federal, emite sinais públicos de confiança no diretor-geral da PF. Desde a posse, ela manteve somente integrantes da corporação na equipe encarregada de sua proteção.
Um fator que corrobora a confiança que Rodrigues conquistou com Lula é o fato de o diretor-geral ter acompanhado o presidente em pelo menos oito viagens internacionais ao longo do ano, incluindo Argentina, Japão, China e Emirados Árabes. Outro aspecto agrada ao presidente: o chefe da PF encampa um discurso alinhado ao Planalto em defesa da democracia, além de ter atuado ativamente nos episódios pós-8 de janeiro.
Auxiliares diretos de Lula argumentam ainda que uma troca na PF a essa altura seria improvável porque também provocaria um efeito cascata, com substituições em diretorias e superintendências estaduais — a maioria delas já alteradas no início do ano, assim que Lula assumiu.
Fora da PF, as secretarias do ministério são alvo de cobiça. O PSB, partido do atual ministro, trabalha para alçar o secretário-executivo, o 02 de Dino, Ricardo Capelli, para o lugar dele. Caso não o emplaque no posto mais alto, a sigla gostaria de vê-lo à frente da Secretaria de Segurança Pública, que aglutina as políticas públicas de uma das áreas mais sensíveis do país, para a qual Lula chegou a prometer criar um ministério próprio.
Sem resistências
Os nomes cotados para substituir Dino não deram qualquer indicativo de descontentamento com Andrei Rodrigues. Ricardo Lewandowski já disse a interlocutores de confiança que considera Rodrigues discreto e técnico. Pessoas próximas ao ex-ministro do Supremo afirmam que ele vê a PF como uma instituição que requer certa autonomia em relação ao Ministério da Justiça.
Até agora, Lewandowski ainda não se pronunciou publicamente sobre a possibilidade de virar ministro de Lula, responsável por sua indicação ao Supremo em 2006, durante o primeiro mandato do petista. Ele já indicou, no entanto, que não abre mão de da autonomia para escolher a própria equipe, caso assuma a pasta, para a qual ele continua sendo o favorito, de acordo com ministros do Planalto.
Fora das apostas
Já o líder do governo no Senado, Jaques Wagner, afirmou que Lewandowski não será ministro da Justiça. “Eu posso dizer quem eu conheço que não será (ministro da Justiça): nem o Lewandowski, nem o Jaques Wagner, nem a Gleisi (Hoffmann)”, disse.
A declaração foi mal recebida no governo, Auxiliares de Lula atribuem a tentativa de rifar Lewandowski a uma tentativa do senador de emplacar o secretário de Assuntos Jurídicos (SAJ) da Casa Civil, Wellington Cesar Lima e Silva, no Ministério da Justiça. Ministros palacianos afirmam que Lula ainda não tomou a decisão e que, por isso, a afirmação de Wagner é “opinião” e “lobby” do parlamentar.
Lima e Silva foi procurador-geral do Ministério Público da Bahia entre 2010 e 2014, período em que Jaques Wagner governou o Estadia. Durante a transição do governo federal, em 2022, o aliado do senador foi convidado pelo ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, para chefiar a SAJ.
Nos bastidores, Wagner tem dito que o substituto de Flavio Dino deve vir da cozinha jurídica do Planalto, com um nome da confiança de Lula. Lima e Silva despacha diariamente com o presidente, que não assina um documento antes da análise jurídica do auxiliar.
A movimentação de Jaques Wagner para rifar Lewandowski também não encontra amparo no PT. Integrantes da cúpula do partido se preocupam com o escolhido ser de um nome vinculado ao Ministério Público do estado que sofre uma crise de segurança pública.
No Ar: Show da Tarde