Domingo, 20 de abril de 2025

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Voltar De comediante a personagem central na crise com a Rússia: conheça Volodymyr Zelensky, o presidente da Ucrânia

Um dos personagens centrais da crise envolvendo a ameaça de uma invasão russa, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, vem causando estranhamento entre seus parceiros ocidentais pelo tom usado ao falar sobre as ações de Moscou. Além de refutar previsões “apocalípticas”, chegou a dizer que a divulgação de tais alertas prejudicava a economia de seu país.

“Somos gratos aos EUA pelo apoio à nossa independência e integridade territorial”, afirmou em conversa com correspondentes em Kiev, no final de janeiro. “Mas sou o presidente da Ucrânia, estou aqui e tenho mais detalhes e conhecimento profundo do que qualquer outro presidente.”

Na segunda-feira, ironizou as sucessivas datas cogitadas para uma suposta invasão, afirmando que seu país “está novamente sendo intimidado, e que a data para uma invasão militar está sendo marcada novamente”.

Primeiro líder ucraniano no pós-independência a não ter qualquer experiência prévia no meio político, Zelensky vem de uma família judaica na região central da Ucrânia, Dnipropetrovsk.

Como comediante, não se envolveu diretamente em movimentos políticos, mas apoiou a Euromaidan, a revolução que colocou fim ao governo pró-Moscou de Viktor Yanukovich e que também está por trás de muitas das disputas envolvendo a Rússia. Depois do início do conflito no Leste do país, em 2014, chegou a fazer apresentações na linha de frente e ajudou a financiar um batalhão que enfrentava os separatistas pró-Rússia.

Ator

Mas seu principal passo rumo à Presidência viria em 2015: ao interpretar o professor Vasyl Holoborodko na série de TV “Servo do Povo”, ele desfilaria algumas de suas próprias visões para o que deveria ser o futuro da Ucrânia.

A começar pelo discurso anticorrupção: no primeiro episódio, Vasyl é filmado por um de seus estudantes atacando o modelo político do país e as oligarquias locais. Três anos depois, a estratégia de viralizar suas ideias usando redes sociais e deixando de lado a imprensa “tradicional” acabaria replicada pelo candidato Zelensky. O partido levava o mesmo nome do programa: Servo do Povo. Ele se apresentava como o “nome da mudança”, o líder de uma nova Ucrânia.

No plano de governo, defendia a integração com a União Europeia e a entrada do país na Otan. Sobre a Rússia, considerava que os Acordos de Minsk eram insuficientes, e precisavam contar com mais países à mesa. Jamais implementado em sua totalidade, o pacto de 2015 trata de ações relacionadas ao conflito no Leste do país e inclui planos de cessar-fogo, autonomia regional e controle de fronteiras.

Ainda sobre a guerra, acreditava ser necessária uma maior presença do Estado ucraniano em áreas controladas pelos separatistas, mas, ao tratar da Crimeia (anexada pela Rússia em 2014), reconhecia ser uma questão mais complexa.

“A Crimeia só retornará [à Ucrânia] quando houver uma mudança de poder na Rússia. Não há outra opção”, disse, em entrevista ao canal ICTV, em março de 2019

Múltiplas crises

Eleito com grande vantagem em 2019 — ele recebeu 13,5 milhões de votos, cerca de 9 milhões a mais do que o rival, o presidente Petro Poroshenko —, Zelensky ainda era visto como um novato fraco. As relações instáveis com o Congresso lhe renderam algumas derrotas, mesmo com seu partido no comando da Casa, e os laços com setores da oligarquia, tão atacada em seus discursos de campanha, são usados de forma recorrente por adversários.

Na política externa, Zelensky se viu, mesmo que indiretamente, em meio a grandes disputas diplomáticas e eleitorais de grandes potências.

Em julho de 2019, semanas depois de chegar ao cargo, ele conversou por telefone com o então presidente dos EUA, Donald Trump. Ali, ouviu do republicano pedidos por uma investigação do filho do agora presidente Joe Biden, Hunter, relacionada aos negócios que ele possuía no setor energético ucraniano. Esse foi o ponto central do primeiro processo de impeachment contra Trump, que foi condenado na Câmara, mas absolvido pelo Senado.

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