Terça-feira, 18 de fevereiro de 2025
Por Redação Rádio Caiçara | 4 de novembro de 2023
As próximas duas décadas devem trazer uma série de boas notícias para as pessoas que se incomodam com a própria calvície: segundo estudos publicados recentemente e projeções de especialistas, tratamentos definitivos contra a queda de cabelo deverão chegar ao mercado ao longo deste período.
Dentre as promessas estão as terapias gênicas, que seriam capazes de atuar em genes relacionados à alopecia androgenética (nome do tipo de calvície mais frequente). E a clonagem de fios de cabelo para uso em transplantes capilares.
Embora uma cura da calvície ainda não passe de uma possibilidade futura, isso não significa que essa área ficou sem novidades nos últimos anos.
Os avanços mais recentes nas ferramentas de diagnóstico e nas opções de tratamento permitem que médicos e pacientes obtenham resultados cada vez mais satisfatórios — principalmente se o quadro é detectado logo cedo, quando as terapias se tornam mais efetivas para frear o processo.
Esperança nos genes
Estimativas mais recentes apontam que, na faixa dos 50 anos, cerca de metade das pessoas — tanto homens quanto mulheres — apresentam algum grau de calvície. Pelo lado feminino, a estatística até parece surpreendente, mas está relacionada à forma como a questão se manifesta.
“Geralmente, as mulheres têm a área frontal do couro cabeludo mantida. A perda de cabelo nelas ocorre na região central, onde é geralmente feita a divisão do penteado. Com isso, fica mais fácil esconder as regiões com pouco cabelo”, explica a médica Fabiane Mulinari Brenner, diretora da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).
Em homens, por outro lado, a calva aparece na fronte — as populares “entradas” — e no cocuruto. Por isso, ela fica mais visível logo nos primeiros estágios.
O tipo de calvície mais comum é a alopecia androgenética, relacionada a dois fatores principais. Primeiro, o histórico familiar e alguns genes passados de geração em geração. Em segundo está a ação de um hormônio chamado dihidrotestosterona (DHT), derivado da testosterona e que pode gerar a perda dos fios no couro cabeludo.
E uma das primeiras promessas contra esse tipo de calvície está justamente no DNA. Nos últimos anos, pesquisadores estudaram a fundo os principais genes responsáveis pela evolução da careca.
A partir dessas investigações, uma equipe da Universidade da Califórnia (EUA) descobriu uma proteína chamada SCUBE3, que tem o potencial de estimular o crescimento capilar. Ainda em testes iniciais, a ideia é encontrar uma maneira de aplicar essa substância no couro cabeludo, de modo a fazer os fios voltarem a brotar na cabeça.
Uma alternativa seria a tecnologia de mRNA, a mesma utilizada para as vacinas contra a covid. Seguindo essa ideia, uma eventual vacina de mRNA contra a calvície levaria instruções para que as próprias células do corpo produzissem a proteína Scube3, o que levaria ao crescimento capilar.
Outros grupos trabalham com a ideia de interferir diretamente nos genes relacionados à perda de cabelo e assim reverter a ação. O temor é de que esses trechos do DNA que influenciam a calvície podem estar relacionados a outras funções do organismo: é preciso ter certeza de que mexer com isso não causará efeitos colaterais no resto do corpo.
O médico Luciano Barsanti, presidente da Sociedade Brasileira de Tricologia (especialidade médica que estuda os fios de cabelo, o couro cabeludo e os pelos) destaca outra linha: “Alguns trabalhos descreveram uma substância chamada osteopontina, que aparece nas verrugas escuras peludas. A ideia é entender como isso acontece e então aplicar o modelo”.
Clonagem
Por fim, uma terceira perspectiva futura para lidar com a calvície é a clonagem de fios. Atualmente, o transplante capilar — método que transfere folículos pilosos de uma área doadora para regiões da cabeça onde os fios rareiam — é feito a partir do material retirado do paciente.
Isso representa uma limitação, pois é preciso colher cada folículo do próprio indivíduo — e, a depender do estágio da alopecia, pode ser que a área doadora esteja reduzida. A clonagem de fios por meio de técnicas como as células-tronco, por exemplo, pode ampliar a oferta de folículos para uso em transplante.
Embora essas possibilidades terapêuticas representem uma eventual solução para a calvície, todas elas ainda estão em fase de pesquisa — e precisam ter segurança e eficácia comprovadas por meio de testes clínicos que durarão alguns anos. “Não tenho dúvidas de que a terapia gênica seja a solução definitiva para a calvície. Mas, no momento, ela não passa de uma ficção”, opina Barsanti.
No Ar: Show da Tarde