Sábado, 27 de julho de 2024

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Voltar Cúpula do Partido Liberal não pretende apoiar a deputada Carla Zambelli, alvo de operação da Polícia Federal, por enquanto

Assim que surgiram as primeiras informações a respeito da operação da Polícia Federal que teve como alvos a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) e Walter Delgatti Neto, denominado como o hacker da Vaza Jato, os advogados de Jair Bolsonaro enviaram a ordem unida ao ex-presidente e a Valdemar Costa Neto, presidente do partido: submergir.

Na avaliação das equipes jurídicas que assessoram Bolsonaro, a operação de quarta-feira (2) é potencialmente mais perigosa do que as anteriores envolvendo o ex-presidente, por dois fatores.

O primeiro é que ninguém sabe exatamente o que a parlamentar escreveu em mensagens ou disse a Delgatti Neto a respeito de Bolsonaro, do governo e da campanha eleitoral – e ainda, o que ela pode ter feito que poderia levar à sua cassação.

Enquanto o segundo fator de risco é o próprio hacker, que está negociando com a PF uma delação premiada que teria como principal atrativo aos investigadores a possibilidade de comprometer em definitivo o ex-presidente com a trama golpista na eleição presidencial do ano passado.

A defesa do ex-presidente já decidiu que não vai deixá-lo depor antes que venha a público a versão definitiva de Delgatti Neto a respeito do episódio.

Bolsonaro, aliás, só vai se reunir com seus advogados na semana que vem. Nos bastidores, ele vem dizendo a aliados que não pediu nada ao hacker além de informações e que não fala com Zambelli há meses.

Já a deputada enviou recados nos últimos dias à cúpula do PL de que “não fez nada de errado” e que não teme que surja nenhuma nova prova contra ela ou contra Bolsonaro.

Aliados do ex-presidente Bolsonaro passaram a se sentir mais vulneráveis a investigações do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, o que ajuda a explicar por que os agentes da PF encontraram o gabinete de Zambelli “limpo”, sem computador de uso da parlamentar.

“O Daniel Silveira foi preso só por xingar e ofender o Moraes. A prisão dela é só uma questão de tempo”, afirma um interlocutor de Bolsonaro.

Operação

Alvo de operação, a deputada Carla Zambelli buscou eximir o ex-presidente de culpa e afirmou em entrevista à imprensa que contratou o hacker para fazer uma conexão entre suas redes sociais e seu site, sem o objetivo de fraudar a eleição. “Se houver qualquer coisa relacionada a Walter Delgatti, é Carla Zambelli que responde. O presidente Bolsonaro não tem nada a ver com isso”, afirmou.

Zambelli deu a entrevista acompanhada de sete deputados do PL, mas não contou com a participação de figuras de mais peso, como o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) ou o líder da bancada. O ex-presidente e grande parte da bancada a isolaram politicamente após ela correr armada contra uma pessoa na rua que a xingou perto do segundo turno da eleição presidencial.

Ela negou que tenha contratado Delgatti para fraudar as urnas eletrônicas e disse que ele a procurou na saída de um hotel, pediu seu telefone e que tiveram “duas ou três reuniões sobre questões de tecnologia”.

Ela disse que levou Delgatti para uma reunião com o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, e depois foram encontrar Bolsonaro. “O presidente perguntou se as urnas são seguras e ele disse que nenhum sistema eletrônico é seguro”, afirmou ela. A conversa, segundo Zambelli, não resultou em mais nada e Bolsonaro nunca mais teve contato com o hacker. “por certo, o presidente deve ter ficado com receio de contratar uma pessoa assim”, disse.

Ela afirmou que pagou R$ 3 mil em novembro ao hacker, que foi responsável pela divulgação de mensagens de celular da Força Tarefa da operação Lava-Jato e do ex-juiz Sergio Moro, para que ele fizesse um serviço nas suas redes sociais, que não foi concluído. Ela contestou a acusação de que isso seria um pagamento para tentar fraudar as eleições e disse que repassou o dinheiro já após o segundo turno. “Eu não fraudaria a eleição para o Lula vencer e nem seria tão barato”, justificou.

Ela negou ainda que tenha atuado junto com Delgatti para invadir o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e inserir um mandado de prisão falso contra o ministro Alexandre de Moraes.

Zambelli afirmou que prestará depoimento à Polícia Federal nesta segunda-feira (7).

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