Sábado, 27 de julho de 2024

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Voltar Criança que leu aos 3 anos é aceita em sociedade exclusiva para superdotados

“Com 1 ano, ele já sabia todas as letras do alfabeto. Com 4, lia histórias para os amiguinhos na escola”. O relato é de Hanna Lins, mãe do Benício Abou Jokh Lins, de 9 anos. Morador de Peruíbe, no litoral de São Paulo, o pequeno tem habilidades precoces desde bebê. Em novembro, a inteligência acima da média garantiu a ele um espaço na Intertel, sociedade internacional exclusiva para superdotados. O resultado do teste deu QI de 144, sendo que apenas 1,6% da população mundial tem QI acima de 130.

Hanna explicou que o filho irá para o 6º ano do Ensino Fundamental no ano que vem. A publicitária sempre notou que ele apresentava comportamento avançado para a idade e, por isso, buscou se informar sobre o tema. Após muita pesquisa e consultas a outros pais, decidiu fazer a aplicação no instituto para garantir os direitos do filho.

Segundo a neuropsicóloga Marina Drummond, que acompanha Benício, pessoas neurodivergentes têm o desenvolvimento e funcionamento neurológico fora do padrão. Uma das dificuldades na identificação de pessoas com superdotação é que elas criam habilidades para disfarçar todo o potencial que carregam.

Benício fez uma avaliação com a profissional de junho a outubro deste ano e, neste mês, Hanna submeteu os resultados à sociedade. De acordo com a avaliação, a estimativa para o QI do menino é de 144, o que é muito raro. Agora, Hanna pagará uma anuidade e receberá um certificado para que o filho se torne um membro oficial da Intertel.

Destaque na escola

Fã de geografia e ciências, Benício é um aluno nota 10 e já garantiu posições excelentes em competições como a Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep). No 1° ano do Ensino Fundamental, precisou ser adiantado por já estar alfabetizado há bastante tempo.

“Eu tive muita sorte, porque consegui o que poucos pais conseguem sem laudo, que foi a aceleração dele no 1º ano do Fundamental. Como ele já lia e escrevia fluentemente no Infantil, a própria escola falou que não tinha cabimento ficar no 1º ano para aprender ‘a, e, i, o, u’. Mas não é um cenário comum no Brasil”.

Para a publicitária, um dos principais objetivos de recorrer à Intertel é garantir os direitos do filho enquanto estudante e cidadão. Ela comentou sobre os estereótipos que muitas pessoas atribuem a crianças superdotadas, como se fossem “gênios” ou prodígios. Na realidade, Benício tem dificuldades para fazer amizades e socializar.

Em crianças, por exemplo, a superdotação pode se manifestar quando há profundidade em um interesse ou conhecimento fora do comum em determinado assunto. A capacidade de realização criativa, curiosidade e alta precocidade no desenvolvimento são outros sinais importantes para os pais.

“O mundo é feito para as pessoas quadradas, então elas cabem nas caixinhas quadradas e o mundo espera que todos caibam nelas. Então, os neurodivergentes seriam pessoas em formato de estrela. E, para caber na caixinha quadrada, a pessoa teria que amputar partes das pontas dela sendo estrela”, disse Marina Drummond.

Segundo a neuropsicóloga, pessoas com superdotação têm um QI acima do esperado. Estatisticamente, a maioria tem o quociente entre 90 e 110. De 111 a 120, ele já é considerado médio superior e, de 120 a 130, superior. Acima de 130, como é o caso de Benício, é considerado muito raro. Cerca de 1,6 % da população se enquadra no grupo.

Ela destacou que um QI superior não é o suficiente para identificar uma pessoa com altas habilidades ou superdotação, já que parte desse QI pode ser referente à inteligência cristalizada – isto é, às coisas que a pessoa aprendeu e não àquilo que já nasceu com ela.

 

Reconhecimento
Benício tem a consciência de ser uma criança superdotada, o que Hanna considera essencial também para o próprio autoconhecimento dele. Quando ela explicou que o filho aprendia diferente de outras pessoas, ele respondeu que “não estava chateado com isso”, frase que a divertiu.

Ele também foi diagnosticado com Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), mas Hanna não sabe se a hiperatividade ocorre devido à superdotação ou pelo próprio transtorno. No ano que vem, essa questão será reavaliada novamente por Marina.

“Eu estou em um grupo de pais superdotados há muito tempo, e temos bastante dificuldade de reconhecimento dessas crianças. As pessoas desconfiam dos laudos, desconfiam das crianças, é uma coisa muito louca”, afirma ela, que busca tornar a causa mais visível na mídia e na sociedade.

 

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