Sexta-feira, 26 de setembro de 2025
Por Redação Rádio Caiçara | 25 de setembro de 2025
A CPI do INSS aprovou, nesta quinta-feira (25), requerimentos para a quebra de sigilo bancário e para encaminhar ao Supremo Tribunal Federal (STF) um pedido de prisão preventiva do advogado Nelson Willians, que foi alvo de operação da Polícia Federal (PF) por suspeita de participar das fraudes no instituto.
Em depoimento na semana passada, Willians se negou a assinar um termo no qual se comprometeria a dizer a verdade à CPI.
Em nota, a defesa de Willians afirmou que ele tem “reiterado sua disposição de colaborar com todas as autoridades competentes”. “Quanto às medidas solicitadas, a defesa acompanhará o trâmite com serenidade e confia que qualquer decisão será tomada em estrita observância à Constituição e às garantias fundamentais asseguradas a todos os cidadãos”, diz a nota.
O escritório dele prestou serviços para o empresário Maurício Camisotti, que é apontado na investigação como beneficiário das fraudes na Previdência, o que ele nega.
Em seu depoimento, Willians se recusou a responder a maioria dos questionamentos feitos pelo relator do colegiado, o deputado Alfredo Gaspar (União-AL), e afirmou que “não tem qualquer relação com as investigações”. Em uma das poucas respostas, admitiu conhecer Camisotti e disse que a PF “não errou” ao fazer as recentes operações para combater as fraudes no INSS.
Willians conseguiu habeas corpus concedido pelo ministro Nunes Marques, do STF, garantindo a ele o direito de permanecer em silêncio e não prestar depoimento. Apesar disso, ele teve que comparecer à sessão.
Maurício Camisotti foi preso em ação determinada pelo STF em desdobramento da Operação Sem Desconto, que apura um esquema bilionário de descontos indevidos em aposentadorias e pensões. Segundo o GLOBO apurou, investigadores identificaram risco de fuga e indícios de ocultação patrimonial.
Por identificar o risco de fuga de Careca e Camisotti, a CPI já havia aprovado, no início do mês, um requerimento endereçado ao Supremo no qual pedia a prisão preventiva e a quebra de sigilo deles e de outros suspeitos citados em investigações da Polícia Federal. O presidente da CPI, o senador Carlos Viana (Podemos-MG), precisou pedir à Polícia Legislativa a intimação dos dois presos diante da dificuldade de encontrá-los.
“Careca do INSS”
O depoimento do empresário Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como o “Careca do INSS”, à CPI que apura fraudes no instituto foi suspenso com menos de 15 minutos de duração, após bate-boca entre o advogado do réu, Kleber Lopes, e o relator da CPI, o deputado Alfredo Gaspar (União-AL). O deputado Zé Trovão (PL-SC) precisou ser apartado por policiais legislativos, após discutir com o advogado e a sessão foi suspensa.
Antunes chegou ao Senado respaldado por uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que o autoriza a ficar em silêncio. Com base nisto, ele afirmou que responderá às perguntas feitas pelos parlamentares, mas se manteria em silêncio para as perguntas feitas pelo relator do colegiado.
“Em depoimentos anteriores, o relator disse que eu era um ladrão, o que mostra que é tendencioso. Por isso, não o responderei”, afirmou.
Ao tomar a fala, Gaspar subiu o tom e abriu chamando Careca de “ladrão”.
“Estamos diante do maior ladrão dos aposentados e pensionistas desse País”, disse.
O advogado disse que se tratava de um desrespeito e retiraria seu cliente da CPI, caso este fosse o tom adotado. Zé Trovão interveio, disse para o defensor permanecer calado e foi em direção a ele, o que fez com que a presidência da CPI interrompesse a sessão por cinco minutos. Careca ameaçou deixar o Congresso, mas permaneceu no colegiado.
O vice da CPMI, o deputado Duarte Junior (PSB-MA), tentou colocar panos quentes na discussão, garantindo que não haveria “baixaria”.