Quarta-feira, 09 de outubro de 2024
Por Redação Rádio Caiçara | 30 de dezembro de 2022
Uma comissão do Congresso dos Estados Unidos divulgou, nesta sexta-feira (30) seis anos de declarações de renda de Donald Trump, após uma longa batalha judicial do ex-presidente para manter suas finanças em sigilo. Parte dos documentos mostra que Trump não pagou nenhum imposto federal em 2020, ano em que foi derrotado por Joe Biden quando buscava a reeleição.
Trump, que se prepara para uma nova candidatura à Casa Branca em 2024, recusou-se a divulgar suas declarações de renda, ao contrário de todos os seus antecessores desde a década de 70, o que levantou muitas dúvidas sobre seu conteúdo.
Em meados de dezembro, uma comissão parlamentar votou a favor de publicar as declarações à Receita do bilionário republicano entre 2015 e 2020.
Receita federal
Há três anos esse grupo de legisladores exigia os documentos enviados por Trump à Receita federal americana nesse período, o que o ex-presidente se recusou a fazer. Finalmente, a Suprema Corte decidiu a favor da comissão no fim de novembro.
Os documentos revelam que o ex-presidente republicano pagou US$ 642 mil (R$ 3,3 milhões) em 2015, quando lançou a sua candidatura presidencial; mas apenas US$ 750 (R$ 3,9 mil) tanto em 2016 como em 2017, o seu primeiro ano na Casa Branca.
Em 2018, pagou perto de US$ 1 milhão (mais de R$ 5 milhões), e mais de US$ 133 mil (R$ 702 mil) em 2019, mas nenhum dólar em 2020, ano em que perdeu para o democrata Joe Biden. Os documentos mostram ainda que Trump manteve contas bancárias na China, Irlanda e Reino Unido, entre 2015 e 2017, já como presidente. A partir de 2018, porém, ele relatou apenas contas na Escócia e na Irlanda.
Além disso, na semana passada foi divulgado que o Departamento da Fazenda não auditou os impostos de Trump durante os seus dois primeiros anos de mandato, 2017 e 2018, embora fosse obrigado a fazê-lo, e não começou a analisar os dados até o Congresso solicitar esta informação, em 2019.
“Um presidente não é um contribuinte comum. Ele tem poder e influência diferentes de qualquer outro americano. E com grande poder vem uma responsabilidade ainda maior”, disse o presidente da comissão, o congressista democrata Richard Neal.
‘Benefícios fiscais’
Em comunicado, Trump criticou nesta sexta-feira a publicação das suas declarações fiscais, dizendo que “os democratas nunca deveriam ter feito isso e a Suprema Corte nunca deveria ter aprovado” porque esta prática conduzirá a “coisas horríveis para muita gente”.
No entanto, o magnata argumentou que os poucos impostos pagos ao longo dos anos apenas mostram o quão “bem-sucedido” foi na utilização de “benefícios fiscais” e na criação de “milhares de empregos”.
A batalha por essas declarações remonta a 2019, quando a comissão emitiu uma intimação para o acesso a essa informação como parte da sua investigação sobre possíveis violações fiscais por parte de Trump.
Gerald Ford
Trump, de 76 anos, se tornou o primeiro presidente dos EUA desde Gerald Ford (1974-1977) a não divulgar todos os anos as suas declarações fiscais, tradição que os seus antecessores consideravam fazer parte do dever de transparência e responsabilidade perante o povo.
A publicação representa um novo revés para o ex-presidente, que já é alvo de inúmeras investigações sobre a gestão dos arquivos da Casa Branca, assim como de seus assuntos financeiros em Nova York. A falta de transparência de Trump, que fez de sua riqueza um argumento de campanha, alimentou durante anos especulações sobre a extensão de seu patrimônio e potenciais conflitos de interesse.
A empresa de sua família, a Organização Trump, foi condenada no início de dezembro por fraude financeira e fiscal após um julgamento realizado em Nova York. O ex-presidente republicano não foi processado no caso.
No Ar: Show Da Madrugada