Domingo, 19 de janeiro de 2025
Por Redação Rádio Caiçara | 10 de maio de 2023
Quando a Rússia decidiu invadir a Ucrânia, as informações do FSB, a agência russa que sucedeu a KGB e responsável pela espionagem interna e das ex-repúblicas soviéticas, endossaram a avaliação do Kremlin de que seria uma guerra rápida. Mas ao contrário do que achavam, o governo de Kiev não foi derrubado em poucos dias e a sociedade ucraniana ofereceu resistência. O erro, crucial para o custo do conflito, colocou os serviços de espionagem russa em xeque. Atualmente, depois de uma sequência de falhas, analistas avaliam que as agências de espionagem russas, sobretudo a “nova KGB”, estavam mal preparadas para agir no conflito.
Desde o início da guerra, incidentes que abalam cada vez mais a credibilidade dos serviços de informação russos se multiplicam. A explosão em outubro da ponte Kerch, que liga a Rússia à Crimeia, fez o próprio presidente russo Vladimir Putin ordenar que o FSB reforçasse as medidas de segurança. Antes, a morte de Daria Dugina, filha de Alexander Dugin, filósofo e guru de Putin, também foi vista como uma falha da espionagem interna do Kremlin. Daria morreu após o carro em que estava explodir, em um episódio descrito pelos russos como um atentado terrorista.
Mais recentemente, o cancelamento nesta terça-feira, 9, das celebrações do Dia da Vitória, o feriado mais importante da Rússia, que relembra o triunfo da União Soviética sobre a Alemanha nazista na Segunda Guerra, em cidades próximas à fronteira ucraniana e as explosões de drones no Kremlin na semana passada – ainda que com a autoria e circunstâncias desconhecidas – aprofundam as dúvidas sobre a real capacidade atual do FSB em fornecer informações confiáveis para garantir a segurança da Rússia.
O custo dessas dúvidas é alto para Putin. Ex-espião da KGB e ex-diretor do FSB, o presidente russo reestruturou o programa de espionagem bem-sucedido da União Soviética ao longo dos últimos 13 anos. Seus espiões, divididos em três agências, acumulam acusações de roubo e manipulação de informações e assassinatos e possuem a reputação de estarem entre os melhores do mundo. Mas internamente o serviço tem falhado, e isso tem sido cada vez mais exposto com a guerra na Ucrânia.
Além do FSB, a Rússia possui o SVR (Serviço de Inteligência Estrangeiro) e o GRU, o braço militar da espionagem. Esses dois últimos são responsáveis pela espionagem de outros países, enquanto o FSB atua internamente e nas ex-repúblicas soviéticas, sendo a principal agência para proteger segredos russos e obter informações da Ucrânia.
Operações recentes em países europeus e nos Estados Unidos desmantelam redes de espionagem russa que operam nas embaixadas, feitas geralmente pelo SVR, e prendem cada vez mais espiões ilegais, que se disfarçam de cidadãos comuns para obter informações a serviço do GRU. Apesar das prisões e expulsões de diplomatas, ainda é desconhecido o quanto os serviços de espionagem no exterior são afetados, devido à expertise da Rússia na área.
A Rússia tem espiões muito inteligentes e fomos surpreendidos diversas vezes pela habilidade deles em algumas missões”, declarou o ex-assessor especial do governo Bill Clinton para assuntos da Rússia e membro do centro de estudos americano Rand Corporation, William Courtney. O especialista considera a espionagem russa atual ainda mais perigosa que na época da União Soviética.
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