Terça-feira, 15 de outubro de 2024
Por Redação Rádio Caiçara | 29 de dezembro de 2022
Oi, Novonor e Grupo Paranapanema estão entre as empresas que vieram a público nas últimas semanas anunciar a renegociação de dívidas, que somam mais de R$ 40 bilhões. A Gol também trabalha para mudar o vencimento de US$ 425 milhões em títulos de dívida que vencem em 2024.
A motivação de cada uma das renegociações tem origem distinta, mas são movimentos que ilustram o impacto causado pelas altas nas taxas de juros no Brasil e no exterior no desempenho financeiro e operacional das companhias, bem como no apetite de bancos e investidores em aportar recursos novos em ativos de maior risco. Especialistas avaliam tratar-se apenas do começo de um novo ciclo de rolagens de dívidas, reorganizações corporativas e pedidos de recuperação judicial.
O pano de fundo extrapola a pandemia. Companhias que tomaram empréstimos a taxas mais baixas passaram os últimos dois anos rolando dívidas com juros mais elevados. No Brasil, o aperto monetário começou em março de 2021: a taxa básica foi de 2%, naquela ocasião, para 13,75% este ano.
Com a perspectiva de manutenção da Selic em patamar ainda alto no ano que vem e o ambiente externo permeado de incertezas, empresas que tinham expectativa de reduzir o custo da rolagem de dívidas e aquelas que já entendem que não terão fôlego voltam à mesa com os credores.
Rodrigo Carvalho, sócio-gerente do escritório Winston & Strawn, diz esperar “uma nova onda de reestruturação de dívidas de empresas”. A anterior acompanhou as investigações da Lava-Jato. Apesar de não acreditar em renegociações da mesma magnitude, ele diz que o cenário “depende de quando a Selic vai começar a cair e quanto tempo irá demorar para os juros americanos pararem de subir”.
O sócio e diretor da Virtus BR Partners Douglas Bassi diz que havia otimismo com o desempenho da economia para 2022, mas a guerra na Ucrânia trouxe aumento no custo de matérias-primas. Houve necessidade de readequação financeira, diz, em um novo cenário no qual a geração de caixa não faz frente às dívidas tomadas com juros de dois dígitos e que, agora, precisam ser pagas.
Enquanto o novo governo se prepara para a posse, grande parte das empresas aguarda os desdobramentos da condução da economia em 2023, antes de partir para uma renegociação definitiva de suas dívidas.
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