Terça-feira, 15 de outubro de 2024

Terça-feira, 15 de outubro de 2024

Voltar Com 37 ministros, governo Lula fica sem empresários

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) iniciará seu terceiro mandato acompanhado de um corpo de ministros que tem marcas contraditórias. Por um lado sua equipe se destaca pela diversidade conferida pelo número de mulheres, de negros e por, pela primeira vez, a Esplanada contar com uma indígena.

Por outro lado, Lula retoma uma tradição da política pós-1988: a distribuição de ministérios para dirigentes partidários em troca de apoio no Congresso.

Jair Bolsonaro tentou subverter essa regra após ter sido eleito em condições muito particulares, sem uma aliança de partidos e com um discurso anti-política. Escolheu para postos-chave ministros sem conexão partidária, mas com discurso ideológico afinado de direita. Em pouco tempo, Bolsonaro renovou a equipe ministerial seguindo as condições acertadas no casamento com o Centrão.

“A diversidade passou a ser um elemento a mais na composição da equipe, não apenas na composição do primeiro escalão do novo governo, mas também para o segundo escalão. É uma demanda da sociedade que não era tão forte no primeiro mandato de Lula”, avalia Bruno Carazza, colunista de Política do jornal Valor.  Mas Carazza aponta que, a despeito da diversidade atual, a composição do novo ministério guarda semelhanças ao de 2003, quando o Lula fazia sua estreia na Presidência.

Assim como há 20 anos, o PT está no controle da economia, da articulação política e de pastas da área social, diz ele. Ainda que o Ministério da Saúde fique a cargo da médica Nísia Trindade, presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a avaliação é que as políticas da pasta estarão bem alinhadas com receitas petistas.

Ao distribuir ministérios de outras áreas para partidos, Lula fez o movimento esperado e necessário, no cenário brasileiro, com vistas a levar adiante pautas importantes, avalia Sérgio Praça, professor da Escola de Ciências Sociais da Fundação Getulio Vargas (FGV).

Há outro aspecto que chama atenção na equipe ministerial que Lula terminou de anunciar na tarde da quinta-feira: a ausência de representantes do setor empresarial. Em seu primeiro mandato o petista havia escalado nomes de destaque da iniciativa privada: Roberto Rodrigues, na Agricultura; Luís Fernando Furlan, na Indústria; Walfrido dos Mares Guia, no Turismo, e José Alencar, na Vice-Presidência.

Sérgio Praça avalia que, desta vez, talvez o setor empresarial tenha se mostrado menos interessado em aderir ao governo, esperando para saber qual será a linha da política econômica a ser adotada.

Lula tentou o empresário Josué Gomes da Silva, filho de José Alencar, no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Josué declinou e Alckmin ficou com a vaga.

Entre os ministros, dois são vistos como presidenciáveis em 2026: Fernando Haddad e Simone Tebet. Defensores de agendas econômicas que tem pontos de vistas diferentes, os dois ministros terão a missão de trabalhar juntos para impulsionar o crescimento econômico ajudar a segurar a inflação e promover o desenvolvimento social, lembra Carazza.

Sérgio Praça, da FGV, diz não ter uma visão muito otimista sobre a capacidade de os dois trabalharem em harmonia por muito tempo.

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No Ar: Show da Tarde