Sábado, 18 de maio de 2024

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Voltar Chuvas no RS paralisam abates e deixam lavouras embaixo d’água

As fortes chuvas registradas no Rio Grande do Sul, que já deixaram dezenas de mortos e milhares de desabrigados, devem elevar os preços de produtos agropecuários, além de afetar diversos setores da economia, do turismo à siderurgia.

Entre os mais afetados pelas chuvas, segundo o presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Gedeão Pereira, devem estar os criadores de suínos e de aves, além da pecuária leiteira, com forte presença na região norte do estado, na zona rural de municípios como Santa Rosa, Passo Fundo e Erechim. O escoamento da produção e o recebimento de suprimentos, conta Pereira, está prejudicado.

“O produtor de leite não consegue levar o produto para a indústria, e os criadores de suínos e frangos não conseguem receber a ração por conta das pontes que caíram. Além disso, tem a falta de energia elétrica, é uma situação catastrófica”, diz Pereira.

O agronegócio é responsável por cerca de 40% do PIB do estado, segundo a Farsul. Em 2022 a produção agropecuária gaúcha, de acordo com o governo do estado, atingiu valor bruto de R$ 98,6 bilhões, sendo os dois principais produtos a soja e o arroz. O Rio Grande do Sul é responsável por 68% da produção nacional de arroz.

“Já colhemos, até o momento, cerca de 60% da nossa safra de soja e 70% da safra de arroz. Precisamos descobrir ainda o quanto perdemos do que faltava colher. Nós vamos ter problemas adiante no mercado nacional (de arroz). Por enquanto, o país está abastecido, mas, mais para frente, pode ocorrer um aumento nos preços”, diz Pereira.

Para o vice-presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag/RS), Eugênio Zanetti, o impacto será devastador:

“Para o setor de agro como um todo, os estragos são incalculáveis. Recebi relatos de produtores com 50% da soja ainda para ser colhida. Para folhagens, legumes e verduras, é quase perda total, assim como para os produtores de arroz, que ainda não colheram”.

O economista André Braz, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), calcula que deve haver alguma influência dessas perdas na inflação dos alimentos, mas não avalia que será algo expressivo. Mercados em que o estado tem maior protagonismo, como de arroz e produtos in natura, porém, sofrerão algum aumento de preços.

Braz explica que, no caso dos produtos in natura, a inflação deve ocorrer mais na região da tragédia, já que esses itens costumam ser consumidos em localidades próximas à produção.

— Pode haver comprometimento de safra de ciclos mais longos, no plantio e na colheita, que ficam impedidos. Quanto mais esse fenômeno durar, pior o impacto. Mas é mais um complemento na inflação local do que um impacto nacional — afirma o economista.

Vinhedos

Já na indústria gaúcha de vinhos, um dos setores em que o estado tem destaque nacional, os danos devem ser moderados, devido à época em que a tragédia ocorreu.

“Ainda não é possível mensurar o impacto das enchentes na produção, mas os vinhedos estão atualmente em período de dormência, o que deve diminuir os problemas causados pela chuva”, diz o presidente do Instituto de Gestão, Planejamento e Desenvolvimento da Vitivinicultura do Estado do Rio Grande do Sul (Consevitis/RS), Luciano Rebellatto.

Impacto indústria

No setor industrial, apesar da paralisação em diversas unidades, os prejuízos devem ser contidos. A siderúrgica Gerdau informou ter suspendido as atividades nas usinas de Charqueadas e Sapucaia do Sul até domingo. A empresa disse que a medida não vai impactar as entregas e que nenhuma das unidades foi danificada pelos temporais.

A Braskem, por sua vez, informou que as chuvas têm impactado o fornecimento de insumos e interrompeu preventivamente algumas das plantas situadas no Polo Petroquímico de Triunfo. A empresa vai acionar um sistema de segurança que pode tornar as fábricas mais luminosas nos próximos dias.

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