Quarta-feira, 11 de setembro de 2024
Por Redação Rádio Caiçara | 6 de julho de 2022
A família da brasileira Thalita do Valle, de 39 anos, confirmou, nesta semana, a morte dela em combate na Ucrânia. Ela era de Ribeirão Preto (SP) e estava em missão humanitária no país. No último sábado (2), morreu por asfixia por conta de um incêndio no bunker onde estava escondida.
O Ministério das Relações Exteriores informou que recebeu, por meio da Embaixada do Brasil em Kiev, a confirmação da morte de dois brasileiros em território ucraniano, no dia 1º de julho, em decorrência do conflito no país.
A pasta também informou que mantém contato com familiares para prestar a assistência cabível, em conformidade com os tratados internacionais vigentes e com a legislação local.
O irmão dela, Theo Rodrigo Vieira contou que os familiares souberam da morte pela Legião Estrangeira Ucraniana – unidade militar de voluntários estrangeiros – que entrou em contato com a irmã mais velha no domingo (3).
Thalita era filiada à organização e atuava como socorrista.
“Ela não era do Exército, chegou a fazer escola militar mas não seguiu. Na função de socorrista, dentro do contexto da guerra, é natural aprender manipular armamentos. Ela se tornou atiradora de precisão Sniper, e não de elite, por conta da própria função de socorrista. Todo socorrista observa a progressão e faz função de cobertura”, explicou Vieira.
Segundo o irmão, Thalita estava na Ucrânia há três semanas e mantinha contato frequente com a família.
“Sempre que podia, estava falando com ela. Existiam hiatos, pois os drones russos captam frequências. Mas, sempre que podia, conversávamos. Estávamos sempre em contato com ela e demais soldados”.
Vieira conta que a família mora há mais de 30 anos em São Paulo (SP) e apenas o pai ainda vive em Ribeirão Preto. A notícia da morte de Thalita abalou a todos.
“Nenhum pai almeja ver seu filho morrer antes. A Thalita sempre esteve envolvida em missões humanitárias junto à legião estrangeira de algum país ou aqui no Brasil. Sempre foi movida pelo sentimento de salvar animais e humanos”.
Segundo o irmão de Thalita, a legião estrangeira ucraniana revelou à família que a morte da brasileira aconteceu por asfixia.
“Nos foi notificado todo o ocorrido. Houve ataques sucessivos e o batalhão se dividiu. A Thalita foi para o bunker e já estava havendo um incêndio com o bunker fechado com ela dentro. O amigo [Douglas Búrigo, que também teve a morte confirmada pelo Itamaraty] voltou para salvá-la no intervalo entre o bombardeio e acabou morto. Ela morreu por asfixia, não sofreu com estilhaços”.
Treinamento e missão
Segundo Vieira, foi no Iraque que Thalita teve treinamento para atirar.
“Mas não fazia a função de atiradora de elite, fazia a função de socorrista, porém tinha treinamento para atirar com precisão (rifle de longo alcance) e também para combate de curto alcance. Ela não foi lá [na Ucrânia] pra atirar em ninguém. Foi lá pra salvar vidas”.
Ele conta que a irmã sempre esteve envolvida em causas humanitárias e jamais incentivou jovens aos armamentismo.
“Minha irmã sempre foi pacífica, uma progressista genuína. Armas são parte de um contexto, a guerra, mas ela salvava vidas, salvava animais. Ela nunca incentivou jovens ao armamentismo. Era uma pessoa pacífica. Ela era uma pessoa de pouca exposição, simplesmente não levava tanto jeito. O forte mesmo era ajudar”.
No Brasil, ela mantinha contato com diversas iniciativas de proteção a animais e prestou auxílio de resgate em casos de grande repercussão nacional, como as tragédias de Mariana (MG), em 2015, e Brumadinho (MG), em 2019.
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