Segunda-feira, 02 de dezembro de 2024

Segunda-feira, 02 de dezembro de 2024

Voltar Banco Central americano volta a subir juros em 0,75 ponto ao ano para combater a inflação

Pressionado a conter a escalada da inflação nos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) decidiu elevar a taxa de juros no país em 0,75 ponto porcentual em reunião nesta quarta-feira (27).

Com a decisão, a taxa básica de juros do país (chamada de Fed Funds) sobe para o intervalo de 2,25% a 2,5% ao ano, o maior patamar desde dezembro de 2018. É o quarto aumento consecutivo desde que o Fed começou a elevar os juros americanos em março e o segundo aumento de 0,75 ponto. A subida afeta diretamente os investimentos e o câmbio no Brasil, porque tende a levar a uma saída de investidores de países emergentes.

Assim como o Brasil e outros países, os EUA também enfrentam uma forte inflação. O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) teve alta de 1,3% em junho, saltando a 9,1% nos últimos 12 meses, o maior desde novembro de 1981.

Diante desse cenário, o Fed sinalizou que deve continuar o aperto monetário e que novos aumentos nas taxas de juros serão apropriados nas próximas reuniões. Mas o presidente do Fed, Jerome Powell, deixou a porta aberta para uma moderação na alta das taxas de juros nas próximas reuniões, o que foi recebido com alívio pelos mercados financeiros.

O Ibovespa, principal índice da bolsa de valores brasileira, encerrou o dia em alta de 1,67% aos 101,5 mil pontos. O índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, fechou em alta de 1,37%, e o Nasdaq teve alta de 4,06%.

Jerome Powell, do Fed, não descartou que outro aumento de juros “incomumente alto” possa ser necessário, mas falou que há possibilidade de moderar o ritmo de altas de juros. Para reduzir a inflação, de acordo com ele, a política monetária precisa ficar “ao menos moderadamente restritiva”, isto é, precisará subir chegar a um nível que compromete a atividade econômica no curto prazo.

A fala de Powell levou economistas do mercado financeiro a apostarem em uma alta menor nos juros, de 0,50 ponto porcentual na próxima reunião do Fed. Levantamento do CME Group mostra que as chances de uma alta desta proporção, para a faixa entre 2,75% e 3,00% ao ano, na próxima reunião avançou para 72%. Por sua vez, a probabilidade de um aumento de 0,75 ponto em setembro foi para 28%.

“Com a inflação prestes a cair e sinais crescentes de fraqueza econômica, suspeitamos que as autoridades serão mais cautelosas ao aumentar as taxas daqui, mudando para um movimento menor, de 50 pontos-base (0,5 ponto porcentual )em setembro”, avaliou o economista-chefe da britânica Capital Economics para os EUA, Michael Pearce.

Por outro lado, Powell afirmou que o ideal é decidir o tamanho da alta nas taxas a cada reunião, seguindo os mesmos passos do Banco Central Europeu (BCE), que abandonou a prática de divulgar uma orientação sobre o futuro da política monetária aos mercados, chamada de forward guidance.

“Vamos tomar decisões reunião por reunião. Achamos que é hora de (decidir o aumento dos juros) em reunião por reunião e não fornecer o tipo de orientação clara que fornecemos no caminho para os juros neutros (em um nível que não compromete o crescimento da economia)”, afirmou Powell.

Na sua visão, as decisões futuras de política monetária vão depender de dados e da situação da economia dos Estados Unidos, a maior do mundo.

Para analistas do banco Citi, Powell foi mais agressivo do que o mercado interpretou. Segundo o banco, uma “alta maior” foi deixada na mesa para a reunião de setembro. “Continuamos esperando que o núcleo da inflação leve o Fed a subir mais agressivamente do que o BC ou os mercados antecipam, com um aumento de 75 pontos-base em setembro”, disse o Citi, em comentário a clientes.

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