Domingo, 19 de maio de 2024

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Voltar Bahia se mobiliza para ajuda aos gaúchos

Conhecida por batalhas próprias contra enchentes, a Bahia se mobiliza para encontrar melhores formas de ajudar a população do Rio Grande do Sul que sofre com as fortes chuvas desde o final de abril. De acordo com o boletim da Defesa Civil do RS, até o momento, mais de 90 pessoas perderam suas vidas.

“Nunca, na história do Estado, houve uma calamidade dessa magnitude. É algo muito triste da gente ver”, desabafa o diretor do Centro Gaúcho da Bahia, José Lazzari, de 68 anos. Morando há cerca de 46 anos na Bahia, José é do município de Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha, uma das regiões mais atingidas. Ele recebeu a informação de que muitos grupos com jet skis, quadriciclos e jeeps têm se unido para resgatar pessoas e ele próprio teve suas perdas. “A minha família está a salvo, mas um casal de amigos morreu e a filha está desaparecida”, lamenta.

O Centro Gaúcho da Bahia tem pedido doações via Pix para ajudar a população do RS, divulgando nas redes sociais os dados de duas iniciativas: a SOS Rio Grande do Sul e a Unidos por Bento. “Por causa da situação das estradas, não estão aconselhando o envio direto de itens, mas sim doações financeiras para que o necessário seja comprado”, explica ele.

Cuidados

Atenção: confira com cuidado as informações do destino da doação. Infelizmente, pessoas mal-intencionadas têm aplicado golpes.

O piloto de balão, Reginaldo Sousa, de Santo Antônio de Jesus (Recôncavo Baiano), viu a situação do RS de perto. Ele e a equipe chegaram em Torres no último dia 30 de abril para participar do Festival Internacional de Balonismo que aconteceria de 1º a 5 de maio. “Foram dias de terror e muita tristeza, porque víamos as pessoas perdendo tudo, o tempo todo”, lembra o atleta.

O aeroporto de Porto Alegre estava fechado, mas eles conseguiram voltar por Joinville (Santa Catarina), com dificuldade. “Eram barreiras de contenção quebradas, deslizamentos de terra, ponte caída, muita chuva, raios… (…), foi realmente um terror”, relata Reginaldo.

A última grande enchente do RS foi em 1941. O jornalista Oscar Paris, 59 anos, na Bahia há 33 anos, é de Porto Alegre e conta que quem nasceu na década de 1960 cresceu ouvindo a história dessa enchente. “Poucos levavam a sério. No centro de Porto Alegre há um enorme muro de contenção que sempre achamos ridículo por nos privar da vista do uaíba. Agora, meio século depois, se não fosse por esse muro, a situação ali estaria ainda pior”, ele reconhece.

Com familiares e inúmeros amigos em várias cidades do Rio Grande do Sul, o sentimento de Paris é de angústia. “Fui ao Centro Gaúcho da Bahia saber como fazer doações e estou em contato com minhas irmãs e sobrinhos que estão lá e a salvo, mas essa distância deixa a gente de mãos atadas. (…) sei que meus conterrâneos estão, de certa forma, de mãos atadas também, esperando que as chuvas parem”, aponta ele.

Além do Centro Gaúcho, ações solidárias estão sendo adotadas por outras organizações. Uma delas é a Cáritas Brasileira Regional Nordeste 3 (Bahia e Sergipe), que tem buscado potencializar as doações pela rede em todo o país. “Uma de nossas secretarias regionais do RS, inclusive, precisou ser resgatada de um telhado e agora está ajudando no acolhimento dos desabrigados. É uma situação aterradora, mas estamos fazendo o possível para ajudar e pensando em ações para o pós-emergência”, afirma o coordenador da Cáritas Regional Nordeste 3, Gerinaldo Lima.

“Além de divulgar as doações, achamos importante abrir esse diálogo sobre a mudança climática e o nosso papel nisso e as consequências que estamos assistindo mais uma vez. Clamamos também por um maior senso de solidariedade das pessoas e que os que estão sofrendo não percam a esperança”, apela Dom Dirceu, bispo da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). (A Tarde/Salvador)

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