Terça-feira, 18 de fevereiro de 2025
Por Redação Rádio Caiçara | 13 de outubro de 2022
A inflação oficial, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), teve queda de 0,29%, em setembro, conforme dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A variação foi a menor para os meses de setembro desde o início da série histórica do IBGE, iniciada em 1994, segundo o órgão ligado ao Ministério da Economia, que aponta a redução dos tributos sobre os combustíveis como principal fator do recuo do IPCA desde julho.
No ano, o indicador registrou alta de 4,90% e, no acumulado em 12 meses, a variação foi de 7,17%, abaixo dos 8,73% registrados no mesmo período até agosto. Quatro dos nove grupos pesquisados tiveram queda, com Transportes registrando o maior recuo mensal, de 1,98%, impactando em -0,41% no IPCA de setembro. Apesar da queda de 0,51% nos preços do grupo de alimentos e bebidas em setembro, no acumulado em 12 meses, registra alta de 11,7%.
Entre os vilões do mês, a cebola teve destaque com salto de 11,22% no mês e de 127,30%, em 12 meses. Já o leite longa vida, que chegou a disparar 40%, liderou a queda mensal entre os alimentos, de 13,71%, mas ainda acumula elevação de 36,93%, em 12 meses, e de 50,73%, no ano.
Ocorrendo desde julho, a queda do IPCA vem sendo comemorada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) na propaganda eleitoral para a reeleição no segundo turno de 30 de outubro. Contudo, o brasileiro pode preparar o bolso a partir deste mês, porque os preços devem voltar a subir de forma generalizada, inclusive a gasolina — caso a Petrobras volte a seguir a sua política de paridade de preços internacionais (PPI), que, curiosamente, está paralisada diante da aproximação do pleito eleitoral.
Serviços
A queda de 0,29% no IPCA de setembro foi menor do que a esperada pelo consenso do mercado, de 0,34%, e ficou abaixo das variações dos meses anteriores (de -0,68%, em julho, e de -0,36%, em agosto), em um claro sinal de que essa deflação por conta da redução de tributos não será o suficiente para manter a carestia em queda, porque é artificial e não se sustenta, de acordo com analistas.
Basta olhar para o núcleo do IPCA, que desacelerou e apresentou alta de 0,41% no mês, mas, no acumulado em 12 meses, ainda registra variação elevada, de 10,13%. Isso tem preocupado os especialistas, especialmente porque a inflação de serviços segue elevada e ficou acima do esperado, 0,40% no mês, com serviços essenciais subindo 0,61% e acumulando alta anualizada de 9,54%.
“Continuamos preocupados com as pressões disseminadas subjacentes sobre a inflação de núcleo e serviços contra um cenário de aperto no mercado de trabalho e grande estímulo fiscal adicional para o segundo semestre de 2022. Além disso, é provável que a inflação se torne inercial, devido à intensificação dos mecanismos retroativos de fixação de preços e salários”, alertou Alberto Ramos, do Goldman Sachs.
O consenso entre analistas é de que, neste mês, a inflação voltará a rodar no campo positivo. Aliás, o Índice de Preços ao Consumidor — Semanal (IPC-S), do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), também divulgado ontem, subiu 0,26% na primeira quadrissemana de outubro. Segundo a instituição, todas as sete capitais pesquisadas registraram alta de preços.
“Vamos voltar a ver a inflação porque, tirando a gasolina, não haveria taxa negativa do IPCA em nenhum mês neste ano e, muito menos, em outubro”, disse o economista Andre Braz, do FGV Ibre. “Em outubro, vamos ter uma taxa bem positiva do IPCA, quem sabe na casa de 0,4%, ou seja, bem acima da queda de 0,29% de setembro. Mas isso pode acelerar mais, porque a Opep (Organização dos Países Produtores de Petróleo — cartel do setor), reduziu a oferta e isso pode fazer com que os preços do barril avancem, obrigando a Petrobras também aumentar os preços no mercado interno depois das eleições”, acrescentou.
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