Domingo, 07 de dezembro de 2025

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Voltar Entenda quais as chances dos Estados Unidos atacarem a Venezuela

As tensões entre Estados Unidos e Venezuela viveram uma escalada nos últimos dias com o envio de tropas e veículos americanos para Porto Rico, levantando especulações sobre uma possível intervenção militar no país sul-americano. O especialista em relações internacionais e professor do Insper, Leandro Consentino classificou a situação ainda como incerta.

Segundo Consentino, embora a chance de um ataque tenha aumentado em comparação a momentos anteriores, ainda não há certeza de que uma intervenção militar ocorrerá. “De fato, há uma chance maior do que havia anteriormente que esse ataque se materialize, mas a gente ainda não pode ter uma certeza de fato de que haverá um ataque”, explicou.

O especialista avalia que as movimentações militares americanas podem ser interpretadas mais como uma estratégia de dissuasão do que como preparação para um ataque efetivo. “Muito nas relações internacionais são projeções de poder, é aquilo que a gente chama de dissuasão e não o ataque de fato”, afirmou Consentino.

O especialista acrescentou que a intenção pode ser “que Donald Trump mostre para Nicolás Maduro seu poder de fogo e, de alguma forma, tente convencê-lo a entrar no figurino que Trump deseja do ponto de vista da renúncia à presidência da Venezuela”.

Riscos de uma intervenção militar

Consentino alertou para as consequências de uma eventual intervenção armada, destacando que tal ação comprometeria acordos internacionais e desrespeitaria a soberania venezuelana. Além disso, mencionou que uma intervenção militar com “rastro de violência” não combinaria com a aspiração de Trump de conquistar um Nobel da Paz.

Outro ponto importante destacado pelo especialista foi a existência de contatos diplomáticos nos bastidores. “A gente percebe isso, inclusive, pela forma com que Donald Trump ameaça no público, mas no privado busca saídas mais negociadas”, observou, citando a confirmação de um telefonema entre Trump e Maduro que indica a possibilidade de diálogo.

Justificativas americanas e riscos para a região

Questionado sobre as justificativas americanas para uma possível intervenção, como o combate ao narcoterrorismo, Consentino alertou para os riscos de se utilizar essa bandeira para violar a soberania de países. “O narcotráfico é uma carta coringa que vale da mesma forma que o terrorismo, então eu posso identificar essa ameaça do narcotráfico não só na Venezuela, como em outros países também”, explicou.

O professor comparou a situação com a invasão russa à Ucrânia, onde também se utiliza o argumento da segurança nacional para justificar a violação da soberania de outro país. “Os Estados Unidos estão, de alguma forma, praticando a mesma coisa no que pese dimensões diferentes”, alertou.

Consentino concluiu destacando o perigo que essa postura representa para a estabilidade da América Latina, tradicionalmente uma região marcada pela paz. “Isso é muito perigoso, isso abre precedentes, isso pode conduzir a intervenções em outros países, numa região, num subcontinente latino-americano, que é marcado pela estabilidade, pela paz”, finalizou.

 

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